O ministro
do Trabalho, Ricardo Berzoini, disse ontem que a recuperação
da economia tem estimulado a volta de trabalhadores desalentados
ao mercado de trabalho, o que eleva os índices de desemprego,
apesar do aumento na geração de postos de trabalho.
Na avaliação dele, haverá queda dos índices
no segundo semestre. "O resultado reflete o estágio
da economia quando ela ganha velocidade e se acelera. Isso
aumenta a velocidade das pessoas que voltam ao mercado de
trabalho."
Para ele, no segundo semestre, o efeito do aumento de pessoas
procurando emprego terá sido completamente absorvido,
derrubando as taxas de desemprego.
"Nós temos a convicção de que haverá
uma queda dos índices de desemprego no segundo semestre
porque alcançaremos aquele patamar em que a população
que tinha que entrar no mercado de trabalho já entrou.
Isso será combinado à geração
de empregos em um patamar elevado em razão da dinamização
da economia", disse.
Questionado sobre os dados do IBGE que indicam que o aumento
da população procurando emprego é decorrente
da queda na renda familiar, o ministro respondeu:
"Essa é a informação que eu também
tenho sustentado. Nós tivemos no ano passado compressão
da massa salarial com a subida da inflação,
fazendo com que mais pessoas da mesma família estejam
buscando o mercado".
Berzoini disse ainda que várias medidas adotadas pelo
governo para incentivar setores da economia com grande capacidade
de geração de vagas, como a construção
civil, começarão a mostrar resultado a partir
de agora.
Isso porque vários contratos e licitações
só estão sendo concluídos nos últimos
dias e, a partir de então, as obras começarão.
Além do estímulo do setor público, há
"o desempenho da economia privada, que também
tem melhorado, as exportações e alguns segmentos
do mercado interno, como o setor automotivo".
O presidente da CUT, Luiz Marinho, concordou com a interpretação
do ministro.
"O desemprego é brutal. Achamos que o governo
precisa adotar outras medidas como contratação
emergencial, redução da jornada de trabalho
e lançamento de frentes de trabalho nos grandes centros
para responder na proporção desse problema,
que é um drama para as famílias", afirmou.
Ontem, ele e Berzoini estiveram na Comissão de Trabalho
da Câmara para discutir a redução da jornada
de trabalho. Para o ministro, o assunto deve ser tratado na
discussão da reforma trabalhista. "Antonio Palocci
[ministro da Fazenda] e Henrique Meirelles [presidente do
Banco Central] se transformaram nos "cavaleiros do apocalipse",
que só vieram trazer o caos social ao país",
afirmou, em nota oficial, o presidente da Força Sindical,
Paulo Pereira da Silva.
JULIANNA SOFIA
da Folha de S.Paulo |