O Sistema
Cantareira, que abastece nove milhões de habitantes,
está nesta quinta-feira com 1,9% de sua capacidade.
É a primeira vez na história que o nível
do reservatório fica abaixo dos 2%. Nesta semana, o
índice caiu dia após dia, devido à falta
de chuva. A Grande São Paulo, segundo a Sabesp, passa
em 2003 por uma das piores secas dos últimos 70 anos.
Apesar da situação grave, a companhia de saneamento
do estado não tem previsão de anunciar a implantação
de racionamento para metade da população da
região metropolitana de São Paulo. A empresa,
ligada ao governo paulista, espera que as chuvas de dezembro
colaborem para amenizar a situação e evitar
o rodízio. De acordo com a Sabesp, a operação
só não foi desencadeada ainda porque seria muito
complexa, devido ao grande número de residências
atingidas.
De quarta-feira para quinta-feira, a capacidade do Cantareira
baixou de 2% para 1,9%, mesmo tendo ocorrido chuva na região
do reservatório (7,2 mm). No mês, a pluviometria
acumulada é de 135 mm - a média histórica
para novembro é de 156 mm.
No sistema Alto Cotia, que está nesta quinta-feira
com 5,5% da capacidade, o nível tem se mantido nesse
patamar desde a implantação do rodízio,
em 21 de outubro. A represa abastece cinco municípios,
onde vivem 440 mil pessoas.
Disputa
Em meio ao risco de racionamento na Grande São Paulo,
ocorre uma disputa pelo controle do abastecimento de água
e coleta e tratamento de esgoto na capital. Nesta quarta-feira,
o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a prefeita Marta Suplicy
(PT) voltaram a trocar alfinetadas.
No Palácio dos Bandeirantes, Alckmin afirmou que não
iria “bater boca”, mas cobrou a dívida
de R$ 253 milhões que a Prefeitura tem com a Sabesp
(Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
Paulo). Marta, que também disse querer evitar discussões,
comparou a Sabesp a um hóspede incômodo.
Segundo Marta, a Prefeitura se sente como a dona de uma casa
que recebeu um hóspede que, com o tempo, passou a ditar
as regras a serem seguidas na residência, referindo-se
à Sabesp.
"Ele (hóspede) começa a resolver que nessa
casa não se come mais frango e, depois, que o jantar
é servido às 19h e quem chegar atrasado não
come mais. E o dono da casa começa a achar que assim
não dá. Tem que sentar e conversar", disse
a prefeita, durante evento na Bovespa.
Já o governador reafirmou que o estado vai recorrer
contra a lei que passa para a Prefeitura o controle do saneamento
básico ao município.
"Só 15% da água é gerada na cidade.
Grande parte do tratamento de esgoto é feito em Barueri.
É uma questão metropolitana que não se
pode limitar apenas ao município", afirmou Alckmin.
A prefeita também respondeu às críticas
do secretário de Energia, Recursos Hídricos
e Saneamento, Mauro Arce, que disse que a criação
da Autoridade Reguladora dos Serviços de Água
e Esgotamento Sanitário de São Paulo (Arsae)
vai funcionar como uma espécie de cabide de empregos.
"Meu Deus, ele falou isso? Acho feio falar isso. Não
tem nada a ver. Queremos uma participação nas
decisões", afirmou, lembrando que 60% da receita
da Sabesp é recolhida na cidade de São Paulo.
Segundo ela, há recursos que vão para os cofres
gerais do estado. Arce rebateu dizendo que são expressivos
os investimentos feitos pela Sabesp no município de
São Paulo.
As informações são do Globo News.com.
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