Em seu
último programa do ano no rádio, levado ao ar
ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu
"tranqüilidade" para não errar na condução
do governo em 2005 e creditou à "mão de
Deus" as suas realizações.
Para exemplificar a tese "de que não se pode ter
muita pressa", Lula citou a diferença entre um
jogador de futebol comum e um craque e completou dizendo ser
hoje o "mais otimista dos brasileiros".
"Temos de fazer as coisas com muita tranqüilidade.
Fazer as coisas no tempo que têm de ser feitas, porque
não podemos errar. Um erro pode significar um retrocesso
de dois, três, quatro anos, e eu não estou a
fim de errar", declarou Lula em entrevista ao programa
"Café com o Presidente".
"Um jogador comum que está diante do goleiro chuta
de qualquer jeito, e a bola vai para fora. Um jogador que
é bom de bola pensa, não chuta com força.
Ele coloca a bola", afirmou Lula.
Depois de falar sobre o que considera os principais programas
do seu governo em 2004, como o Bolsa-Família e o projeto
do Biodiesel, Lula evocou Deus, uma citação
recorrente em seus discursos.
"E, no governo, se não tiver a mão de Deus,
eu não consigo fazer as coisas em que acredito, e,
por isso, acho que Deus tem sido muito generoso. E eu sou
agradecido", disse Lula, que citara a sua vida para dizer
que só foi possível sair de Garanhuns (PE),
onde nasceu, e chegar à Presidência devido à
"mão de Deus".
No começo deste mês, o presidente já havia
citado Deus ao falar sobre a aprovação de projetos
"sérios" enviados pelo Poder Executivo ao
Congresso.
A entrevista de Lula, veiculada pela Radiobrás, estava
recheada de mensagens de otimismo para 2005. "Nós
estamos terminando o ano numa situação, eu diria,
muito boa para o Brasil. Lógico que ainda falta fazer
muito, e vamos fazer mais. É por isso que eu estou
muito mais otimista para 2005."
O salário mínimo programado para o ano que vem,
de R$ 300, foi um dos exemplos usados pelo presidente para
dizer que 2005 será melhor do que este ano. "Eu
acho que as coisas estão andando, e é por isso
que eu posso dizer aos nossos ouvintes: "Aguardem, que
2005 será muito melhor"."
Questionado se o ano de 2004 teria sido "um feliz ano
velho", Lula concordou. Disse ser importante falar do
"aperto" e "da necessidade de arrumar a casa"
em 2003 "para que a gente pudesse colher um 2004 muito
mais feliz".
Lula terminou a entrevista dizendo agradecer a Deus "pela
força, pelo otimismo". "Estejam certos do
seguinte: eu não posso fazer tudo o que quero, mas
eu farei tudo o que é possível a um homem que
gosta do seu povo."
Disse ainda que só voltará a viver sua vida
normalmente ao sair da Presidência se tiver sido "honesto"
durante o mandato.
JULIA DUAILIBI
da Folha de S. Paulo
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