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”Como sempre, seus artigos
são muito esclarecedores. E nunca se entregam ao pessimismo!
O setor público não faz questão ou não
consegue adotar duas regrinhas básicas que fazem a
diferença no setor privado: premiar a boa conduta e
o bom desempenho e punir a má conduta e o mau desempenho.
Tanto que são muito recentes até mesmo as medidas
de desempenho entre nós. E por falar em medidas, num
país analfabeto em números simples e porcentagens,
nada mais estranho do que a escala utilizada pelo MEC nas
avaliações do Prova Brasil e do SAEB. Acho que
nem os especialistas entendem direito que educação
está retratada naqueles estranhos números entre
125 e 350. Até porque, em seus mestrados e doutorados,
nunca ninguém lhes aplicou notas do tipo "240",
"160". Para agravar, o MEC parou de divulgar a distribuição
percentual dos alunos entre os diferentes níveis da
escala. Agora, só divulga o desempenho médio.
Uma pena! Cheguei a ler os requisitos de conhecimentos para
escalar os números da tabela do MEC, mas não
entendi porque não podem ser expressos em valores que
variam de 0 a 1 (como no popular IDH) ou de 0 a 10, como estamos
habituados desde a infância. Faríamos um bem
para a nossa democracia se comunicássemos o nosso desempenho
de uma forma que pais, alunos, escolas, políticos e
jornalistas pudessem entender. Não está em jogo
apenas uma questão técnica, mas sobretudo de
cidadania. Por qual razão empenhar tanto dinheiro e
esforço em avaliações cujo resultado
ninguém entende? Entreguem-me uma avaliação
que eu possa compreender. Ou meu dinheiro de volta!”
Edmar Augusto Vieira - edmarvieira@seplan.mt.gov.br
“Meu nome é Rogéria Aparecida Bassetto
de Palma, 50 anos, mãe, casada, sou professora da rede
pública, há 21 anos, na EE "Castello Branco",
escola central, atende 150 bairros, primeiro cargo, e há
4 anos na EE"Dom Idílio José Soares",
periferia, segundo cargo, ambas em Limeira. Sinalizei a você
primeiro cargo, com 32 horas aulas semanais, e como o salário
é baixo; passei novamente no concurso e ingressei no
segundo cargo com mais 20 horas aulas semanais. Saliento que
já passei em quatro concursos, portanto meu currículo,
não é de qualquer profissional da educação.
Fico muito angustiada, quando um jornalista tão renomado
como o senhor veicula sua opinião, sem ao menos ouvir
os professores da rede, quanto ao bônus e ao projeto
de renovação da educação brasileira
como você chamou. Tenho certeza que se o senhor tivesse
o meu holerite em mãos e o meu currículo, não
ousaria a opinar, pois se envergonharia de fazê-lo.
Por isso o seu título "O país do faz-de-conta",
remete que o faz-de-conta está em sua pessoa, em sua
crônica, pois demonstra que não tem informação
precisa, não conhece a realidade das diferentes escolas.
Quando repete a fala que há
lugares onde há professores mais comprometidos (faltam
menos)..., é uma inverdade, como já disse trabalho
em duas escolas, e afirmo que todos os professores das duas
escolas são comprometidos e o resultado do Saresp,
foi gritante entre as duas unidades, basta conferir no site
da secretaria da educação que está aberto
ao público. Outro assunto que me deixou indignada,
foi o debate que mediou entre a Secretaria da Educação,
os pesquisadores e o Presidente da Apeoesp, novamente afirmo
que o senhor não tinha a tabela e nem as regras em
mãos, que nortearam o bônus, pois se tivesse
trataria de forma diferente. Vou lhe dar um exemplo, para
ganhar o prêmio máximo, deveria dar 33 horas
aulas por semana e não faltar nenhum dia. Ocorre que
poucos professores ganharam isso, sabe por quê? Não
sabe não, não é da rede, e não
tem as informações corretas. Primeiro são
poucas as disciplinas que compõem 33 h aula por semana,
devido a grade curricular, portanto muitos professores têm
32 aulas por semana, e neste ítem muitos não
conseguiram atingir o prêmio máximo. Outro ítem,
cursos de formação, não foram oferecidos
para todas as disciplinas, novamente professores foram prejudicados
Portando Senhor Gilberto Dimenstein, o País do-faz-de
conta, volto a dizer começa na fala de uns e continua
na sua, que pena!”
Rogéria Aparecida
Bassetto, professora
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