|
Dizendo-se cansados de não
conseguir dormir à noite e do medo de sair de casa,
os moradores vizinhos à praça do Pôr-do-Sol
(zona oeste de São Paulo) lançam hoje um manifesto
para pedir a intervenção do poder público.
Há alguns anos, a praça,
no Alto de Pinheiros, virou ponto de venda e de consumo de
drogas e bebidas alcoólicas. À noite, também
é comum ver pessoas tendo relações sexuais
em carros e ouvir gritarias e confusões, que incomodam
os moradores da região, de classe média alta.
Anteontem, o repórter-fotográfico
da Folha flagrou um casal fazendo sexo oral na praça,
às 20h30. No horário, não havia ninguém
consumindo drogas.
Segundo o manifesto que a Sociedade
dos Amigos da Região da Praça do Pôr-do-Sol
lança hoje, "os freqüentadores pacíficos
do local, muitos deles crianças, são obrigados
a conviver, na manhã seguinte, com os dejetos da noite
anterior: cacos de vidro, seringas descartáveis, preservativos
usados e restos de drogas".
Há um mês, a Polícia
Militar chegou a instalar uma base móvel na praça,
depois de reportagens divulgarem que o local era "território
livre" para a prática de atividades ilegais. Mas,
como a experiência durou apenas duas semanas, aos poucos
tudo voltou a ser o que era, de acordo com moradores da região.
Ronda
O comandante-geral da PM, coronel Alberto Silveira Rodrigues,
afirmou que os policiais têm feito rondas regulares
na região, inclusive com o auxílio de cães,
e que nada vinha sendo observado.
O oficial disse que vai determinar
a intensificação da presença dos PMs
na região e que os moradores têm razão
de exigir que a polícia intervenha.
Como demonstração da
atuação da PM, Rodrigues afirma que um traficante
foi preso à 1h51 do dia 4 do mês passado. Um
usuário de drogas também acabou detido no dia
12, por exemplo.
Sobre a cena flagrada pelo repórter-fotográfico
da Folha, o coronel disse estar "surpreso".
O presidente do conselho deliberativo
da entidade de moradores da praça do Pôr-do-Sol,
o engenheiro Julio Tannus, no entanto, afirma que "a
praça é terra de ninguém". Ele diz
que, nas duas semanas em que a base da PM ficou no local,
os moradores "foram do inferno ao paraíso".
Luau
Tannus conta que, no início de fevereiro, cartazes
espalhados em postes na Vila Madalena, bairro cheio de bares
e próximo à praça, chamavam para um luau
no local, que durou da meia-noite às 7h. Segundo o
manifesto, que será oficialmente divulgado hoje, "festinha
nada inocente, com farto tráfico de drogas". Como
a praça é cercada basicamente de casas, o evento
tirou o sono dos moradores. O texto fala também que
um cadáver foi encontrado no local "semanas atrás".
Como exemplo do que diz ser a baderna
na praça, Tannus gravou em áudio, de dentro
da sua casa, uma pessoa bêbada que anunciava aos gritos
que ia ficar pelada. A fita, gravada há duas semanas,
será exibida hoje. O engenheiro diz que começou
a se mobilizar quando, no dia 3 de junho de 1989, um domingo,
ele e sua mulher viram um jovem de 19 anos ser assassinado
na praça.
As informações são
da Folha de S.Paulo.
|