Explicações não
faltaram para as inundações de ontem. Falta
de piscinões, de varrição e até
chuva na hora errada. O que não houve foram explicações
sobre a falta dos piscinões nem esclarecimentos sobre
qual seria o número ideal de turnos de varrição.
Os piscinões da Praça 14 Bis e da Praça
da Bandeira, que poderiam ter evitado as inundações,
estavam previstos no orçamento da Prefeitura deste
ano, com R$ 9.258.390,00 e R$ 8.946.210,00 destinados a cada
um, respectivamente. Contudo, nem R$ 1 foi gasto com essas
obras e os recursos foram remanejados para outras áreas,
como coleta de lixo.
A Secretaria Municipal de Infra-Estrutura informou, por meio
de sua Assessoria de Imprensa, que as obras não foram
iniciadas porque não haveria dinheiro suficiente para
que elas fossem concluídas. Segundo a secretaria, seriam
necessários R$ 80 milhões para a construção
dos dois piscinões - de 30 mil metros cúbicos
e 40 mil metros cúbicos cada um - e para o reforço
da galeria de águas da 9 de Julho.
O dinheiro que falta viria do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), que fez várias exigências para liberar
o dinheiro. Esses requisitos ainda não foram cumpridos.
No entanto, a Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos
de São Paulo informou que o preço médio
por metro cúbico é de R$ 50 a R$ 60. Com base
no valor mais alto, o dinheiro previsto no orçamento
municipal permitiria construir piscinões de 154 mil
metros cúbicos e de 149 mil metros cúbicos,
respectivamente.
Na análise de um técnico da secretaria Estadual
de Recursos Hídricos, os problemas de ontem foram localizados
em pontos isolados da cidade, o que mostra que devem ter acontecido
em decorrência do acúmulo de lixo e detritos
nas galerias fluviais. Ele afirma que faltaram ações
preventivas. "Como esse trabalho preventivo não
é feito, na primeira grande chuva os lugares entupidos
ou com excesso de lixo acabam aparecendo", diz.
O secretário municipal de Subprefeituras, Carlos Zaratini,
culpou São Pedro e a varrição da cidade
pelas enchentes no centro. Segundo ele, choveu na hora errada,
antes das ruas do entorno do mercado municipal serem varridas.
A Limpurb, empresa de limpeza pública subordinada à
Secretaria de Serviços e Obras, informou que a região
do mercado é varrida de cinco a dez vezes por dia,
começando às 7 horas e nunca terminando antes
das 20 horas. Depois deste horário, segundo a Limpurb,
o movimento na região é muito reduzido, assim
como o volume de lixo.
A Vega, empresa de coleta e varrição responsável
pela área, confirma que na região do mercado
foram feitas cinco varrições na quarta-feira.
Ainda de acordo com a empresa, houve duas varrições
na Avenida 9 de Julho.
MARCELO ONAGA
BRUNO PAES MANSO
do jornal O Estado de S. Paulo
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