A preocupação ambiental
tem freqüentemente andado em paralelo com a busca por
melhorias na eficiência energética. E uma iniciativa
do Ministério de Minas e Energia, em parceria com o
PNUD e a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos
de São Paulo), une exatamente essas duas questões.
A idéia do projeto de Células de Hidrogênio
como Combustível para o Transporte Urbano é
desenvolver e aplicar essa tecnologia nos ônibus paulistanos.
As células combustíveis a hidrogênio
têm inúmeras vantagens em relação
aos motores a combustão interna utilizados atualmente.
Em primeiro lugar, elas causam menos poluição
atmosférica e sonora. Além de ser bem mais silencioso,
um veículo que utiliza esse sistema libera somente
vapor de água pelo escapamento. A maior vantagem, no
entanto, está no aproveitamento energético.
“Os motores a combustão interna são limitados.
No máximo, eles atingem somente 45% de rendimento [ou
seja, somente essa porcentagem de combustível é
de fato utilizada para gerar energia]. Um motor muito bom
atinge 32%, mas na média não passa de 22%. Todo
o resto vira calor. Já nas células combustíveis,
dependendo do tipo, a eficiência pode chegar a 80%.
E está aumentando”, afirma o gerente de desenvolvimento
da EMTU, Márcio Schettino.
Os ônibus com essa tecnologia são elétricos
e funcionam com o mesmo princípio dos trólebus.
No entanto, ao contrário destes, a energia não
vem de uma rede aérea externa, mas é produzida
dentro do veículo. A célula é basicamente
uma bateria, mas que funciona com reagentes externos. A corrente
elétrica é formada por meio de uma reação
eletroquímica entre hidrogênio e oxigênio.
O projeto que plevê utilizar essa tecnologia no transporte
urbano paulista está dividido em quatro fases. A primeira
aconteceu entre 1997 e 2000 e envolveu a formulação
de um estudo de viabilidade e a elaboração de
propostas para a etapa seguinte. A segunda fase, a atual,
consiste em comprar oito ônibus com tecnologia de células
de combustíveis, e colocá-los em operação
por quatro anos e 1 milhão de quilômetros.
A terceira etapa planeja ampliar o projeto e implantar uma
garagem com de 100 a 200 desses ônibus especiais. Por
fim, a última implica na comercialização
da tecnologia. Os objetivos vão além da preocupação
com a emissão de poluentes. Pretende-se também
demonstrar a viabilidade de ônibus com células
combustíveis e disseminar a cultura técnica
desse sistema.
No momento, a EMTU está negociando com fornecedores
a compra e as especificidades dos ônibus protótipos.
Depois de assinado o contrato, o que deve acontecer até
o final do ano, as empresas escolhidas vão desenvolver
os veículos durante 2005. No início de 2006,
o primeiro protótipo deve estar em circulação.
“A construção desses ônibus é
um processo muito mais demorado que a de veículos comuns,
que demoram uns três meses para ficarem prontos. No
caso de protótipos, há uma série de componentes
a serem desenvolvidos. Depois, é preciso integrá-los
e realizar testes. No total, demora cerca de um ano”,
explica Schettino.
O primeiro ônibus com célula de combustíveis
a hidrogênio deve rodar no corredor São Matheus-Jabaquara
por cerca de seis meses em testes, antes dos demais serem
construídos e o acompanharem. "Nos corredores,
a velocidade média dos ônibus é maior,
a demanda de usuários é maior, mas a frota pode
ser menor e, por isso, os custos de operação
são mais baixos", explica o gerente da EMTU. “É
o local ideal para a introdução de tecnologias
mais caras”. O corredor São Matheus-Jabaquara
possui 33 quilômetros de extensão, nove terminais
e recebe 210 mil passageiros ao dia (5 milhões ao mês).
As informações são
do site PNUD Brasil.
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