Vanessa
Sayuri Nakasato
O Núcleo dos Amigos e Usuários do Bosque do
Brooklin abraçará, no próximo domingo,
o chamado “futuro Parque da Paz”, uma área
verde de 7,6 mil metros quadrados localizada na zona sul.
O abraço será um ato de protesto para a preservação
da vida e do meio ambiente. Também será uma
forma de manifestar o descontentamento dos moradores do bairro
em relação ao projeto apresentado pela construtora
Cyrella, que pretende erguer três torres residenciais
com 36 andares cada no terreno ao lado.
“Queremos salvar a única área verde da
redondeza. Temos um número crescente de idosos aqui
e não temos um local de descanso e lazer para eles.
O mesmo posso dizer em relação às crianças
e jovens. Com a construção, nosso sonho de ter
um espaço com árvores e pássaros para
promover atividades físicas e culturais à comunidade
será destruído”, afirma a coordenadora
do movimento, Flávia Loureiro.
Ela ressalta que a entidade não é contra o
progresso nem a construção de moradias. No entanto,
é muito fácil e bonito fazer prédios
e não viver no bairro para saber do caos provocado
por eles. “É mais gente, mais carros, mais trânsito.
A qualidade de vida da região tem piorado a cada dia.”
Segundo Flávia, o projeto apresentado pela Cyrella
à entidade pretende incorporar o bosque ao condomínio
que será construído. Para ela, se isso acontecer,
a perda será muito grande, pois existem poucos lugares
em São Paulo que proporcionem paz e contato com a natureza.
“As pessoas estão vivendo entre a calçada
e a própria casa. A gente lamenta porque o lado político-financeiro
pesa mais do que a vontade da sociedade. Não queremos
muito. É pedir demais ter um Trianon [parque] no Brooklin?
Por que a Paulista pode ter e nós não?”,
questiona.
Na opinião do secretário municipal do Verde
e Meio Ambiente, Adriano Diogo (PT), quem está tendo
atitudes políticas é a entidade. “Para
mim, está tudo resolvido. Não sei mais o que
fazer com esta história”, afirma, indignado.
Conforme ele, o terreno que abriga o bosque era da Cyrella.
Pertenceu à construtora durante décadas e, há
cerca de um ano, foi doado para a prefeitura. No mês
passado, ele foi incluso no Plano Diretor. Até o final
do ano, ele será regulamentado como parque municipal.
“Para mim, todo esse barulho não passa de um
ato eleitoreiro do vereador José Rogério Farhat
(PSD). Ele tem um projeto de lei que cria o bosque municipal
e apóia esse Núcleo para aparecer. Não
há mais o que ser discutido. A Cyrella já nos
deu parte de seu terreno e tem o direito de fazer o que quiser
com o que restou”, enfatiza o secretário.
O parque ocupa alguns quarteirões das avenidas Santo
Amaro, Padre José dos Santos, Portugal e rua Pensilvânia.
Para quem se interessar, o abraço acontecerá
às 10 horas.
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