São Paulo chega aos seus 450 anos com a auto-estima
dos paulistanos em alta.
Apesar de apontar uma série de problemas na metrópole,
com destaque para a violência, a maioria dos cidadãos,
de acordo com pesquisa realizada pelo Datafolha, está
satisfeita em morar em São Paulo, da mesma forma que
aumentou o orgulho tanto em relação à
cidade quanto ao bairro em que o entrevistado mora.
Isso resultou no significativo aumento da nota dada à
cidade.
Ao atribuir 7,7 em média para
São Paulo, o paulistano faz a avaliação
mais positiva desde que o Datafolha passou a realizar esse
tipo de levantamento, em 1997, quando a nota alcançada
foi 7,3.
Depois disso, o conceito da metrópole
de acordo com a opinião dos habitantes caiu para 7,2
em 2000, permaneceu na casa dos 6% ao longo de 2001 e dá,
agora, um salto de 1,2 ponto percentual.
Assim como a nota média, nunca
foi tão alto o grau de satisfação do
morador com sua cidade, situação oposta à
do grau de insatisfação, que se encontra em
baixa acentuada.
A satisfação de viver
na principal metrópole do país vinha caindo
desde que a pesquisa começou a ser feita há
sete anos, quando 41% dos paulistanos diziam estar "muito
satisfeitos" de morar em São Paulo. O patamar
mais baixo deste quesito foi atingido em janeiro de 2001,
quando o índice foi de apenas 25%. Houve oscilações
ao longo de 2001, mas a curva se tornou ascendente no final
do ano, chegando aos 46% atuais.
Esse percentual, 46%, é exatamente
o mesmo daquele que se refere aos paulistanos que dizem estar
apenas "um pouco satisfeitos". Mas é importante
notar que esse número era de 51% na pesquisa anterior,
realizada em dezembro de 2001.
Quanto à insatisfação,
que estava na casa dos 10% em 1997, subiu sucessivamente para
17% (em 2000), 21%, 21% e 25% (ao longo de 2001), caiu para
17% (em dezembro daquele ano) e chega a apenas 7% agora.
Outro indicador indiscutível
do aumento da auto-estima do paulistano está contido
nas respostas à seguinte pergunta, apresentada pelo
Datafolha: "Você diria que tem mais orgulho do
que vergonha ou mais vergonha do que orgulho de morar em São
Paulo?".
A resposta é um verdadeiro
"presente" para a cidade: nada menos que 83% dos
entrevistados responderam que têm mais orgulho do que
vergonha de residir na metrópole.
O instituto de pesquisa já
havia apresentado essa mesma questão em levantamento
realizado em abril de 2000. Na ocasião, o índice
atingido foi de 59%.
Ou seja, São Paulo comemora hoje 450 anos com um aumento
de 24 pontos percentuais no número de habitantes que
se dizem orgulhosos de sua cidade.
Assim como em levantamentos anteriores,
São Paulo continua sendo identificada por seus moradores
como cidade de ofertas de trabalho e emprego.
Na verdade, essa é a sua principal vantagem, de acordo
com as respostas dadas ao Datafolha.
No total, 32% dos entrevistados disseram
isso, que a maior vantagem de se morar na cidade é
desfrutar do mercado de trabalho.
É forçoso notar, no
entanto, que o número alcançado pela atual pesquisa
do Datafolha continua muito menor do que aquele auferido em
1997, quando nada menos do que 51% apontavam oportunidade
de trabalho/emprego como a vantagem primeira de se viver em
São Paulo.
Antes disso, o índice já
havia despencado 13 pontos percentuais, de 1997 para a pesquisa
realizada em 2001 (quando ficou em 38%). Nova queda é
verificada agora, no caso bem menor, de 6 pontos percentuais.
Em segundo lugar no levantamento,
com 22%, ficaram aqueles que deram respostas variadas à
mesma pergunta (apontaram vantagens como como opções
de escolas/educação, condições
de transporte coletivo, cidade solidária, entre outros).
A seguir, com 17% das respostas, surgiu
uma característica tradicionalmente relacionada a São
Paulo, que é a de cidade em que se encontra tudo o
que se procura ou tudo aquilo de que se precisa.
Na sequência dos que vêem
vantagens em morar na capital vieram aqueles que apontaram
o fato de São Paulo ter muitas opções
de cultura e lazer, ser um bom local para ganhar dinheiro
e uma cidade em que há bom atendimento na área
de saúde.
Mas 12% dos entrevistados afirmaram
que não há vantagem nenhuma em morar em São
Paulo, e 9% não souberam responder ou não se
lembraram de aspectos para destacar.
A pesquisa do Datafolha procurou aferir
também do que o paulistano se lembra primeiro quando
pensa na cidade de São Paulo. Predominaram os aspectos
negativos da cidade, mas, na comparação com
levantamentos anteriores, aumentou o percentual dos aspectos
positivos relacionados. De fato, o que mais é lembrado
sem que seja algo negativo refere-se a temas neutros, como
locais (Ibirapuera, por exemplo) ou atributos da cidade (prédios
altos). Esses ítens somaram 23%, contra 10% da pesquisa
anterior.
Quanto aos pontos positivos relacionados
pelos entrevistados, em primeiro lugar ficou, mais uma vez,
alternativas de trabalho/emprego (4%), seguidas de opções
de cultura de lazer (2%).
Finalmente, para confirmar a ascensão
da auto-estima do paulistano é possível citar
as respostas à pergunta: "Se você pudesse,
mudaria de São Paulo?".
Foi atingido o menor índice
(51%) dentre os que afirmaram que, sim, mudariam da cidade
-esse número já foi 59% em 97, 64% em 2000 e
61% em 2001.
LUIZ CAVERSAN
da Folha de S.Paulo
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