Cento e vinte kits de equipamento
de rádio comprados para as escolas municipais na gestão
passada estão "encostados" ou quebrados,
segundo levantamento preliminar da Secretaria Municipal da
Educação de São Paulo.
Cada um dos kits contém mesa
de som com oito canais, um transmissor, seis receptores, um
toca-CDs, três microfones e oito gravadores, entre outros
materiais, com custo hoje de R$ 6.000.
Em pesquisa da secretaria com escolas
participantes do projeto educom.rádio, das 244 unidades
que receberam equipamentos, só 124 responderam que
eles estão funcionando. E a maioria dos que estão
em uso serve apenas para animar eventos ou festas. Somente
59 (24,2%) são adotados no processo educacional. A
rádio nas escolas tem um alcance de cerca de cem metros.
"Nossa proposta para este ano
é primeiro fazer diagnóstico das 59 unidades
que usam o equipamento como ferramenta pedagógica,
para melhorar a oralidade e a escrita do aluno. Depois, oferecer
oficinas de prática radiofônica para quem não
usa o kit adequadamente. Educadores que realmente aprenderam
podem ensinar os outros", disse a secretária-adjunta
da Educação, Iara Prado.
Segundo ela, caberia à administração
passada ter feito um acompanhamento do uso desse material.
Uma saída apontada por ela é transferir os equipamentos
subutilizados para outras escolas.
A ex-secretária municipal da
Educação, Cida Perez, afirmou que o uso do kit
"depende muito do estímulo da secretaria",
que deve reforçar a importância da rádio
e acompanhar as escolas.
Desde 2001, a USP faz a formação
de professores e alunos por meio desse programa --no total,
quase 10 mil pessoas passaram pelas oficinas. Foram atendidas
455 escolas, mas 211 ainda esperam o material de rádio
chegar.
Segundo a ex-secretária, foi
feito "minidiagnóstico" do programa em 2004,
cuja conclusão foi que o ideal é formar também
alunos da 5ª e 6ª série no programa, porque
os de 7ª e 8ª, que faziam as oficinas, logo deixavam
a escola, enfraquecendo o uso da rádio.
Outro problema é a transferência
de professores que participaram da formação
no programa para outras escolas.
Ela disse que a intenção
da secretaria era comprar todos os equipamentos no ano passado,
mas as três empresas que podiam fornecê-los apresentaram
preços 70% acima do mercado.
Iara Prado, da gestão tucana,
disse que deve planejar com as coordenadorias de educação
a aquisição dos kits que faltam. Das 320 escolas
que responderam ter intenção de manter o programa,
76 ainda não possuem material.
O professor da USP Ismar de
Oliveira Soares, supervisor do educom.rádio, disse
que já propôs à secretaria fazer uma avaliação
profunda do programa e um reforço na aprendizagem.
AFRA BALAZINA
da Folha de S. Paulo
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