A pedra fundamental foi lançada
em fevereiro, mas somente no final do ano o auditório
de música do parque Ibirapuera --previsto no projeto
original do arquiteto Oscar Niemeyer e alvo de contestações
na Justiça-- começará a sair do papel.
O anúncio foi feito ontem pela prefeita de São
Paulo, Marta Suplicy (PT), durante a apresentação
das obras do plano diretor do parque, que têm até
três anos para serem concluídas.
Apesar de tramitar na Justiça
ação do Ministério Público contra
o auditório, o departamento jurídico da empresa
de telefonia TIM (patrocinadora da obra) e a Secretaria de
Negócios Jurídicos não vêem mais
impedimentos para o início da obra. Eles se baseiam
em decisões judiciais que já autorizaram o auditório
no parque.
Se não houver mais barreiras
judiciais, o auditório de música com capacidade
para 830 pessoas --orçado em cerca de R$ 20 milhões--
deverá ficar pronto no final de 2004, com quase um
ano de atraso. Com o novo espaço, os shows que acontecem
hoje na praça da Paz serão transferidos para
a área do auditório. Na praça serão
plantadas cerca de 300 mudas de árvores.
"Todos os aspectos legais foram
cumpridos, principalmente após a obtenção
dos certificados de licenciamento ambiental", afirmou
o secretário de Negócios Jurídicos, Luís
Tarcísio Ferreira.
Anteontem, o Cades (Conselho Municipal
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) aprovou
o estudo de viabilidade ambiental para as obras do plano diretor,
inclusive o auditório.
Obelisco
A prefeitura anunciou ontem outra intervenção
que pode causar polêmica na cidade: a integração
do Obelisco à área do parque. A obra, em fase
inicial de estudo, pretende desviar a avenida Pedro Álvares
Cabral, que passa entre o parque e o monumento, criando uma
área verde no local.
De acordo com Adriano Diogo, secretário
do Verde e do Meio Ambiente, a obra custaria cerca de R$ 2
milhões e poderia ser financiada pela iniciativa privada.
"A integração pode ser feita e sem grandes
obras viárias. Pretendemos também integrar o
Monumento às Bandeiras, mas essa é ainda uma
idéia mais distante."
A proposta é criticada pela
ambientalista Patrícia Coelho, uma das conselheiras
do Cades. "Eles estão anunciando uma obra que
não estava no licenciamento ambiental. Eles não
sabem o impacto que o desvio das vias pode causar no trânsito
e não consultaram a população",
afirmou.
Com prazo mais definido, a fonte multimídia
no lago do parque, patrocinada pela rede de supermercados
Pão de Açúcar, deverá ser inaugurada
em janeiro. E a reforma do planetário, bancada pela
construtora Cyrela, será concluída no final
do ano que vem.
O plano diretor do parque prevê
também a reformulação das ruas internas,
com vias separadas para pedestres e ciclistas. A mudança
depende do início das obras das garagens subterrâneas
--projeto que está em fase de votação
na Câmara Municipal. Uma das garagens subterrâneas
ficaria ao lado do prédio da Bienal e a outra próxima
ao Obelisco, acabando com os bolsões de estacionamento.
A mudança inclui ainda
a transferência do Museu de Arte Moderna (MAM) para
o prédio onde funciona a Prodam (companhia de processamento
de dados do município). O atual prédio do MAM
poderá ser demolido.
As mudanças começam já na próxima
semana. Na segunda, o portão 10 será fechado
para a retirada de uma camada de asfalto de uma área
permeável do solo.
Simone Iwasso,
da Folha de S.Paulo. |