As
451 Santas Casas de São Paulo, responsáveis
por 44 mil leitos do Sistema Único de Saúde
(SUS) do estado, acumulam hoje cerca de R$ 100 milhões
em dívidas com fornecedores e funcionários.
Na Capital, as entidades que apresentam situações
mais críticas são a Santa Casa de Santo Amaro,
na Zona Sul, e o Hospital Santa Marcelina, na Zona Leste.
Na tentativa de minimizar o problema,
amanhã o Governo do estado e a Nossa Caixa assinam
acordo para liberar empréstimos a todos os filantrópicas.
O principal motivo da crise é o repasse do SUS, que
não cobre o valor real das despesas.
Um ultra-som, por exemplo, custa a
um hospital R$ 45. O SUS repassa para o exame somente R$ 11.
No Santa Marcelina, os 518 partos
realizados por mês custam R$ 438 mil. O Governo federal
repassa para esta especialidade R$ 220 mil. Para as 803 internações
no setor de clínica médica, o hospital gasta
R$ 1,330 milhão. Do SUS vêm apenas R$ 538 mil.
Segundo o secretário estadual
da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, o índice
de atendimento pelo SUS chega a 95% em hospitais filantrópicos
de São Paulo. “Quem atende mais de 70% pelo SUS
já está no prejuízo. Geralmente o atendimento
particular é que cobre os déficits do SUS em
uma Santa Casa”, declara ele.
A Federação das Santas
Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas
do Estado de São Paulo (FESEHF) afirma ainda que 56%
dos filantrópicos são também o único
hospital de seus municípios ou regiões.
Diante disso, a maioria das santas
casas deve para fornecedores e já atrasa o pagamentos
de funcionários. Neste ano, as unidades receberam do
governo estadual um adicional de R$ 18 milhões. Agora
cada uma delas poderá também solicitar à
Caixa empréstimo de até duas vezes o valor médio
de seu faturamento nos últimos 12 meses. Os prazos
para os pagamentos vão variar de 2 a 14 meses.
“Há promessa do Governo
federal de reajustar a tabela de repasses no início
do ano que vem. O objetivo, com essa linha de crédito,
é oferecer um socorro para essas entidades pagarem
o 13º salário de funcionários e comprarem
materiais e medicamentos, já que elas não têm
mais créditos com fornecedores”, diz Barradas
Barata.
Para o superintendente geral
da FESEHF, Henrique de Mesquita Corrêa, a linha de crédito
não resolve, mas apenas dá fôlego a um
setor que estava asfixiado. “Esperamos que o Estado
e os gestores tenham se sensibilizado e que o atendimento
à população seja garantido”, declara
Corrêa.
Jaqueline Falcão,
do Diário de S. Paulo.
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