|
A
um mês do final do ano letivo, alunos de várias
escolas municipais de ensino fundamental da cidade de São
Paulo ainda sofrem com a falta do professor em sala de aula.
O problema atinge classes de 5ª a 8ª séries,
principalmente na periferia. Na maioria dos casos, o professor
tira licença ou se aposenta e a escola não tem
um substituto. Há escolas que têm falta de professores
desde o início do ano. O sindicato dos professores
do município confirma o problema. Segundo a Secretaria
Municipal de Educação, todas as aulas serão
repostas e um concurso está sendo preparado para contratar
professores substitutos.
Na Escola Municipal de Ensino Fundamental
(Emef) Júlio de Oliveira, em Perus, na Zona Norte,
alunos da 8ª série do vespertino não têm
aulas de educação artística desde o início
do ano. Segundo o presidente do Conselho de Escola, Mário
Flávio de Araújo, o professor de ciências
também falta a metade das aulas que deveria dar. “Os
alunos podem gostar da folga agora, mas isso os prejudicará
no futuro”, afirmou Araújo, pai do estudante
Marcus Vinícius, de 14 anos.
Na Emef Cândido Portinari, também
em Perus, o problema é a falta do professor de português.
“O aluno não é dispensado, mas qualquer
pessoa da secretaria vai na sala de aula para ‘encher
lingüiça’. É normal ter aula vaga
de vez em quando, mas este ano passou dos limites”,
disse a dona de casa Inês Bertolini, mãe de Aline,
de 13 anos, da 8ª série.
Em Anhanguera, também na Zona
Norte, alunos da 6ª série da Emef Paulo Prado
estão sem aula de artes há mais de um mês.
O problema, porém, já atingiu todas as classes
de 5ª a 8ª série. “No começo
do ano uma professora se aposentou e demoramos para conseguir
a substituição. Depois, a outra professora ficou
doente”, disse a diretora Selma Lorenzetti.
No outro extremo da cidade, no Jardim
Ângela, Zona Sul, alunos do vespertino da Emef Oliveira
Viana também sentem o problema. As amigas Juliana Oliveira,
Thaís Santos e Daiane Montis, todas de 13 anos, da
7ª série, contaram que só começaram
a ter aulas de inglês neste mês. “Ficamos
quase o ano inteiro sem professor”, disse Juliana. Caroline
dos Santos, de 12 anos, da 6ª série, disse que
também ficou três meses sem professor de português.
“A coordenadora ficava na classe”.
No Rio Pequeno, Zona Oeste,
falta aula de matemática para os alunos da 7ª
série do vespertino. “Toda semana tem dia que
meu neto de 14 anos vem mais cedo para casa por falta de aula”,
diz Élcio de Oliveira.
VIVIANE RAYMUNDI
Do Diário de S. Paulo
|