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Símbolo do glamour que o
Centro de São Paulo ostentou em meados do século
passado, o Cambridge Hotel continua tendo um futuro incerto.
Esvaziado, o prédio de 15 andares no início
da Avenida 9 de Julho esteve a ponto de virar moradia popular
— mas o plano não deu certo.
A idéia da Prefeitura de São
Paulo era aproveitá-lo no Programa de Arrendamento
Residencial (PAR), um dos eixos do Morar no Centro, projeto
de revitalização da região central. Uma
empreiteira faria a reforma do edifício antes de ele
ser arrendado pela Prefeitura e a Caixa Econômica (que
seria a nova dona), por 15 anos, a famílias que ganham
até seis salários mínimos mensais (e
que pagariam R$ 225 por mês). Isso foi feito com outro
prédio do Centro, o Rizkallah Jorge, na Prestes Maia.
Mas, segundo a Secretaria Municipal
da Habitação, com o Cambridge esse plano é
inviável. A razão apontada são as altas
dívidas de água, luz e IPTU. De sua parte, o
atual proprietário do hotel, Edgard Alexandre Maluf,
garante que aceitou o valor que receberia por apartamento
(cerca de R$ 30 mil) e que as dívidas seriam descontadas
do preço. O fato é que, por ora, Prefeitura
e Caixa desistiram do Cambridge Hotel.
Mesmo com os 120 apartamentos do hotel
— alguns com mais de 80 m² — fechados, o
empresário Francisco Mafra Filho fechou contrato de
três anos para explorar o bar, o lobby, um salão
de convenções e o restaurante.
Segundo ele, comprar o hotel inteiro,
“talvez daqui a um ano”, é uma hipótese.
Os quartos virariam flats. A área alugada seguirá
recebendo festas descoladas — hoje acontece a Trash
80’s em versão Halloween — e servindo de
museu cênico da São Paulo dos anos 50. No auge,
o Cambridge recebia vips como Nat King Cole e poderosos nacionais.
A sensação de nostalgia é garantida por
instalações originais, como a porta giratória
do lobby e o balcão do bar.
CLÁUDIO DE SOUZA
Do Diário de S. Paulo
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