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A Santa Casa de São Paulo
inaugurou, na última sexta-feira, um ambulatório
para o tratamento exclusivo, pelo Sistema Único de
Saúde, da enurese, distúrbio que causa perda
de urina e acomete de 10% a 15% da população
de 5 a 15 anos de idade.
A enurese é caracterizada pela perda de urina, durante
a noite, duas ou mais vezes por semana.
Segundo Nuncio Vicente de Chiara,
chefe do serviço de cirurgia pediátrica do hospital,
o novo ambulatório só deverá ser aberto
ao público na próxima semana. De acordo com
ele, a Santa Casa, que é um dos hospitais públicos
de maior demanda da cidade, recebia pelo menos 150 casos mensais
do distúrbio. "Agora esperamos um aumento",
afirma.
Para ter acesso ao serviço,
a criança ou o adolescente terá de passar pela
triagem da Pediatria do hospital. Chiara afirma que o ambulatório
é necessário porque o tratamento do problema
"não é uma abordagem simples", envolve
diversos profissionais de saúde, como pediatras, neurologistas,
urologistas e psicólogos.
Genética e hormônio
Uma série de fatores pode causar a enurese. O genético
é um deles - é comum que filhos de pessoas que
tiveram enurese sofram do problema. Outra explicação
para o distúrbio é o déficit na produção
de hormônio antidiurético, o que gera a produção
de muita urina durante a noite. Doenças mais graves,
como a má-formação da medula, também
podem causar enurese, afirma Chiara. Por isso é necessário
investigar rapidamente o distúrbio, diz o médico.
Em alguns jovens, o distúrbio
"cura sozinho", na reta final da adolescência.
Mas ninguém deve esperar por isso, afirma o médico.
"Quanto mais "velho" o paciente, maior o impacto
sobre a auto-estima", diz Chiara.
O problema também causa ansiedade
e pode gerar complicações no convívio
social.
O tratamento varia de acordo com as características
do distúrbio no paciente. Em casos de deficiência
hormonal, pode ser feita a reposição com hormônio
sintético.
Determinados tratamentos utilizam
um sensor que, ao detectar as primeiras gotas de urina, solta
um alarme, acorda a criança e a obriga a ir ao banheiro.
De acordo com especialistas, diante do problema, a pior coisa
que os pais podem fazer é culpar ou castigar a criança
ou adolescente pelo xixi na cama.
As informações
são da Folha de S. Paulo.
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