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Trânsito
caótico, ruas estreitas e calçadas quase inexistentes.
Esse é o retrato da Vila Olímpia hoje. O bairro,
na Zona Sul, abriga grande parte dos mais modernos e novos
edifícios de São Paulo, além de bares
e danceterias, mas já não suporta mais o trânsito
gerado por eles. E o aumento do tráfego só tende
a aumentar.
Só neste ano, surgiram 14 novos
prédios na região, que podem gerar até
30 mil viagens por hora nos horários de pico para a
Vila Olímpia. Para tentar minimizar essa situação,
a Prefeitura promete começar, nos próximos 15
dias, uma série de obras viárias, num custo
total de R$ 67 milhões, incluindo o valor gasto com
desapropriações.
Os recursos vêm da Operação
Urbana Faria Lima e também da parceria com a Associação
Colméia, grupo de empresários da região
que doaram terrenos e vão custear parte das obras,
com R$ 10 milhões.
A Rua Funchal, por exemplo, que liga
a Avenida Juscelino Kubistchek à Avenida dos Bandeirantes,
será duplicada. Terá seis pistas, três
em cada sentido. Hoje, ela tem quatro pistas e, em parte da
rua, há apenas uma faixa em cada sentido, motivo de
muita dor de cabeça para os motoristas, que sempre
enfrentam congestionamento na via. Segundo Valdemir Garreta,
secretário municipal responsável pela obra,
o alargamento da rua deve estar pronto em março de
2004.
A Prefeitura fará também
a ligação da Avenida Nova Faria Lima com a Avenida
dos Bandeirantes passando por dentro da Vila Olímpia.
O motorista que estiver na Nova Faria Lima poderá descer
pela Rua Elvira Ferraz ou Rua das Fiandeiras, passar pela
Rua das Olimpíadas — que terá três
pistas de cada lado — e continuar pela Rua Gomes de
Carvalho, que também será alargada com três
pistas de cada lado, para então atingir a Rua Funchal.
Para realizar o caminho contrário, será criada
uma nova rua, que fará a ligação entre
a Rua das Olimpíadas e a Avenida Hélio Pellegrino.
Segundo Garreta, o alargamento das
ruas Gomes de Carvalho e Olimpíadas deve ficar pronto
em maio. Já a nova rua só deve ser entregue
em setembro. O secretário diz que o objetivo é
também valorizar a região e harmonizar o espaço
público. Para isso, os fios elétricos serão
enterrados, as calçadas alargadas e padronizadas e
será criado um projeto paisagístico em todo
o trajeto.
As intervenções da Prefeitura,
no entanto, podem não ser suficientes para melhorar
o trânsito na Vila Olímpia. Hoje são feitas
113 mil viagens por dia para o bairro, tráfego superior
ao da Avenida Paulista, que soma 90 mil viagens/dia.
Aviso do caos
Um estudo realizado pela Companhia de Engenharia de Tráfego
(CET) em 2002 alerta para o risco de caos com a instalação
dos 14 empreendimentos imobiliários que participam
da Operação Urbana Faria Lima, ou seja, pagam
à Prefeitura em troca de potencial construtivo acima
do permitido por lei. “Transformações
das características funcionais, devido a mudanças
de uso e ocupação do solo devem afetar o atual
padrão de acessibilidade da área, deteriorando
as condições de circulação local”,
diz o estudo.
Para diminuir o impacto que a atração
de um maior número de pessoas traria para o trânsito
da região, a CET propôs um conjunto de 13 obras
viárias. Destas, só cinco serão feitas
pela Prefeitura. Além disso, há também
as passagens subterrâneas da Avenida Faria Lima nos
cruzamentos com as avenidas Rebouças e Cidade Jardim.
O Governo pretende também construir um terceiro túnel
na Avenida Juscelino Kubistchek, chamado de Bulevar JK. Em
janeiro de 2004, a Prefeitura quer organizar um leilão
para a venda de certificados de potencial de adicional construtivo
(Cepacs). “O bulevar só sai se conseguirmos dinheiro
com o leilão”, diz Garreta.
Regina Terraz,
do Diário de S.Paulo.
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