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29/01/2004
Obesos morrem em filas de hospitais

Vanessa Sayuri Nakasato

Cerca de 6%. Esse é o percentual de morte/ano dos portadores de obesidade mórbida que esperam pela cirurgia bariátrica e gastrectomia parcial nos hospitais públicos de São Paulo. O número é seis vezes maior do que a quantidade de mortes ocorridas nas mesas cirúrgicas, segundo o professor de Cirurgia do Aparelho Digestivo da Universidade de São Paulo, Bruno Zilberstein.

Atualmente, cada hospital possui, em média, 600 pessoas na fila e o tempo mínimo de espera é de três anos. Embora o Sistema Único de Saúde (SUS) repasse verba para o tratamento de obesidade mórbida aos hospitais públicos, na capital, menos de 10 possuem estrutura básica exigida pelo Ministério da Saúde para oferecer a cirurgia.

Os óbitos por obesidade, em São Paulo, cresceram mais de 200% nos últimos sete anos, de acordo com o Programa de Aprimoramento de Informações de Mortalidade do Município (PRO-AIM). “É um dado bem significativo. Tanto que, a partir deste ano, a doença será incluída na nossa lista de causas específicas para ser melhor estudada”, disse Mauro Taniguchi, médico do PRO-AIM.

A responsabilidade das cirurgias de obesidade na capital paulista, hoje, são dos hospitais estaduais e federais. Mas devido ao aumento do índice de mortalidade, os vereadores Celso Jatene e bispo Atílio Franscisco, ambos do PTB, criaram um projeto de lei que institui o Programa de Cirurgia Bariátrica e Gastrectomia Parcial. O intuito é passar a destinar recursos à rede hospitalar municipal para o tratamento da doença.

O projeto foi aprovado em novembro do ano passado. No entanto, foi vetado pela prefeita Marta Suplicy no último dia 10. A Prefeitura alega que a cirurgia de obesidade mórbida é de alta complexidade e, estruturar os hospitais para atender esse tipo de demanda, oneraria significativamente os cofres do município.

Uma cirurgia bariátrica, por exemplo, custa de R$ 16 mil a R$ 20 mil. Mas o tratamento não se resume apenas à operação. São necessárias equipes multidisciplinares de diversas áreas da saúde para o acompanhamento do paciente desde o pré até o pós-operatório.

A Prefeitura de São Paulo entende que a população de obesidade mórbida não é expressiva ao ponto de impor despesas desse porte. “O projeto aprovado não é de interesse público. O montante de dinheiro investido para tal não atenderia a grande parcela dos paulistanos que utilizam o serviço de saúde do município”, diz o veto.

Para o professor da USP, é fundamental que todo hospital tenha cirurgia de obesidade. “É a doença da modernidade e, cada vez, mais pessoas estarão condenadas a ela”, alertou. Conforme o Zilberstein, além de a obesidade mórbida reduzir em 10 anos a vida de um ser humano, provoca uma série de doenças como diabetes, insuficiência cardíaca, artrose no joelho, câncer, hipertensão e depressão.

Jatene ressalta que seu projeto não tem o objetivo de atender caprichos estéticos. “Sabemos que o dinheiro do SUS é como cobertor de pobre: cobre a cabeça e descobre os pés. Entretanto, gostaríamos que a Prefeitura desse um pouco mais de atenção a esse assunto. Nosso objetivo é salvar vidas”, explicou.

Apesar do alto índice de mortalidade, São Paulo é a cidade que mais oferece cirurgia de obesidade mórbida no país. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2003, foram feitas 654 cirurgias no estado paulista. Mais da metade foi realizada na capital.

 
 
 

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