As desigualdades
na educação se refletem não apenas no acesso diferenciado
à escola, mas também no tempo em que os estudantes passam
em sala de aula. Os dados do IBGE mostram que 71,9% das crianças
ficavam mais de quatro horas diárias na escola nas instituições
particulares de ensino médio. Na rede pública, esse percentual
caía para 49%.
O mesmo ocorre no ensino fundamental: na rede privada, 56,3%
dos estudantes ficavam mais de quatro horas na escola, contra
38,5% dos alunos da rede pública.
Para Denise Carreira, coordenadora-geral da Campanha Nacional
pelo Direito à Educação, o pouco tempo de permanência na rede
pública é resultado de escolhas equivocadas: "Para dar conta
da demanda, muitos sistemas optaram por jornadas mais curtas
e por aumentar o número de alunos em sala de aula, o que compromete
bastante as condições de ensino e de aprendizagem".
Para Jorge Werthein, assessor especial do secretário-geral
da Organização dos Estados Ibero-americanos, os dados mostram
que, apesar dos avanços na questão do acesso à educação, o
país ainda não conseguiu enfrentar de forma decidida a reprodução
das desigualdades sociais na educação: "É fundamental no processo
escolar a maior permanência dos alunos na escola. E são aqueles
que têm mais recursos para colocarem os filhos na escola privada
é que estão estudando mais tempo. Lamentavelmente, o que acaba
acontecendo é uma reprodução das desigualdades. Isso mostra,
mais uma vez, como temos no Brasil tipos de oportunidade relacionadas
com a classe social".
Werthein destaca as desigualdades regionais, já que 68,5%
das crianças do Sudeste estudam mais de quatro horas por dia
no ensino fundamental, enquanto no Nordeste esse percentual
fica em 21,8% e, no Norte, em 20,2%. Os Estados com maior
proporção de estudantes que permaneciam mais de quatro horas
na escola foram Distrito Federal (87,6%), Espírito Santo (73,0%),
São Paulo (70,4%), Minas Gerais (62,8%) e Goiás (56,2%). Os
menores percentuais foram encontrados no Acre (6,3%), Ceará
(8,8%), Santa Catarina (10,6%), Tocantins (13,1%) e Mato Grosso
(13,4%).
As informações são
da Folha de S.Paulo.
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