Os
executivos brasileiros estão cada vez mais preocupados
com a família, priorizando a vida pessoal. Muitos até
cogitam largar seus empregos para redobrar a atenção
e dedicar maior tempo à educação dos
filhos. Os dados fazem parte de uma pesquisa feita pela International
Stress Management Association (ISMA-BR), nas cidades de São
Paulo, Porto Alegre e Belém. Foram ouvidos 1.365 homens,
dos quais 58% com idade entre 30 e 40 anos.
De acordo com o levantamento, 33% dos entrevistados afirmaram
estar mais envolvidos com a família e 28% disseram
que recusariam uma promoção para cuidar dos
filhos. "O profissional de hoje valoriza a carreira desde
que ela não interfira no tempo destinado à mulher
e aos filhos", afirma Ana Maria Rossi, presidente da
instituição e coordenadora do estudo. Essa mudança
de comportamento é reflexo de um novo cenário,
onde os homens buscam valores individuais, equilibrando os
lados profissional e pessoal.
A convivência com colegas do sexo feminino contribuiu
para que os executivos sentissem de perto os dilemas e dificuldades
femininas em dividir o tempo entre casa e trabalho, analisa
Ana Maria. Além disso, a pesquisa mostra que a competição
acirrada somada à instabilidade no emprego vêm
deixando os homens mais vulneráveis. Conseqüentemente,
eles passam a encontrar na família motivos de satisfação
pessoal.
Outro fator ligado a essas transformações é
o econômico. Dificilmente os casais conseguem ter vários
empregados em casa. E com a mulher atuando fortemente no mercado
de trabalho, o homem precisa dividir as tarefas. O problema,
segundo Ana Maria, é que esses profissionais sentem-se
desconfortáveis em pedir para sair mais cedo no emprego,
quando o motivo é buscar os filhos na escola. "Por
isso, o homem tenta achar alternativas fora da mundo corporativo",
diz. "Não é à toa que 10% dos entrevistados
vão atrás de uma nova carreira para ter mais
tempo".
Como resultado, o estudo aponta para um profissional com
maior aptidão em resolver conflitos e mais satisfeito
com a vida pessoal e profissional. "Ele quer ser bem-sucedido,
mas não a qualquer preço", avalia Ana Maria.
"Muitos desistem do status que um cargo mais alto dá
para manter a flexibilidade de horários."
Para esse profissional que abre mão de um cargo mais
alto para ter mais tempo disponível, os benefícios
são latentes. Tanto que 97% afirmaram ter aumentado
sua auto-estima, 96% sentem mais controle da própria
vida, 93% dizem que tornaram-se mais produtivos e 89% ficaram
mais criativos e motivados. Nas questões ligadas à
saúde, 82% disseram ter menos sintomas emocionais -
como depressão, ansiedade e irritação
-, 76% apresentam menos sintomas físicos - dores musculares,
problemas gastrointestinais e alergias, enquanto 71% reduziram
o o consumo de álcool e cigarro. Também se tornaram
menos agressivos, principalmente com a família. "Alguns
executivos enxergam que foram ausentes na educação
dos filhos e passaram a perceber o quanto isso causava problemas",
observa Ana Maria. "As empresas precisam ver que a flexibilidade
pode ajudar a ter funcionários mais felizes e satisfeitos".
(A.G)
As informações são
do Valor Econômico.
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