Marina
Rosenfeld
especial para o GD
O crescente número de queixas de cyberbullying, roubos
de senhas no Messenger e até falsas páginas
no Orkut tem trazido uma nova demanda para as escolas: discutir
com os alunos os limites éticos na Internet.
Com a tecnologia cada dia mais presente em suas vidas, os
adolescentes acabam, muitas vezes, infringindo códigos
de ética e desrespeitando o que é um bem privado.
Pensando nisso, uma série de escolas paulistas começou
a tomar providências nesse sentido.
O Colégio I.L Peretz, em 2004, começou a oferecer
aulas de “netiqueta” para alunos de 5º a
8º série, com o objetivo de tratar a questão
ética na Internet. A idéia surgiu a partir de
um projeto de criação de blogs, em que os estudantes
não tinham noção de como deviam se portar
no ambiente virtual. “Logo depois que cada aluno criou
seu blog, começamos a ouvir várias reclamações
tanto dos pais como dos alunos. Eles estavam recebendo mensagens
desagradáveis e até agressivas em seu espaço
virtual”, relata Cleide Muñoz, professora de
Computação. De acordo com ela, as aulas de “netiqueta”
tiveram resultado imediato. “Não tivemos mais
nenhum incidente depois que iniciamos este trabalho. Páginas
agressivas no Orkut sumiram, assim como acabaram as invasões
no Messenger”, revela.
Na Escola Viva, a questão sobre o que é público
e privado sempre é trazida para dentro da sala de aula.
Para a coordenadora pedagógica, Sônia Viegas,
o principal desafio da escola nesse assunto é mostrar
aos estudantes que as ações virtuais são
ações de fato e que cada um tem que se responsabilizar
por elas. “Se o aluno usa a senha de um colega para
entrar num jogo e rouba parte dos pontos do colega para ele,
o que ele fez? Qual a diferença de roubar o dinheiro
da carteira do amigo? O princípio é o mesmo,
a única mudança é que um é concreto
e o outro virtual”.
O Colégio Magno, por sua vez, decidiu conscientizar
seus alunos sobre o mau uso da Internet de uma forma diferente.
Este ano a intenção é combater o cyberbullying
por meio do próprio Orkut. Alunos de 7º e 8º
séries vão criar uma comunidade “orkutiana”
para discutir o assunto e dar depoimentos de casos vividos.
“Queremos utilizar o próprio espaço virtual
para questionar o que leva algumas pessoas a agirem desta
forma. Além de promover atitudes positivas e incentivar
os jovens a utilizarem este ótimo meio de comunicação
de uma forma saudável, ética”, explica
a coordenadora do curso, Cleide Ruy.
A comunidade será desenvolvida pelos alunos no laboratório
de informática do Colégio em três línguas:
português, inglês e espanhol. Para complementar
o trabalho, os alunos criarão um manual anti- cyberbullying,
com dicas de como agir com ética ao utilizar a Internet.
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