O Brasil
já dispõe de conhecimento e reconhecimento na
área de gestão. Para levar esses avanços
à área pública, os desafios são
de ordem política. Por isso mesmo, o anúncio
do governo mineiro de ter zerado seu déficit operacional,
com o envio de uma emenda para a Assembléia Legislativa
acrescentando os R$ 611 milhões que faltavam para o
Orçamento do próximo ano, não deve ser
analisado exclusivamente sob o prisma administrativo.
A montagem da estratégia surgiu no decorrer da própria
campanha. Em vez de um programa de governo genérico,
o então candidato Aécio Neves decidiu-se por
um programa factível. Não bastava ganhar a eleição,
era importante conquistar a governabilidade.
Antes de começar as negociações políticas,
definiu as áreas fundamentais e não negociou.
Nelas, alocou técnicos operadores, desses de botar
a mão na massa. Com essa força-tarefa, foi montada
a estratégia para as primeiras semanas de governo.
A estratégia se baseou em Maquiavel. A cada dia é
inexorável que qualquer governo perca densidade. Daí
a necessidade de aproveitar os primeiros momentos para as
medidas duras. Se se perde o timing, não se recupera
mais.
Só aí se partiu para a composição
do governo. O estilo de Aécio é o de dar ao
parlamentar todo o atendimento possível na sua base.
Ele tem o direito de faturar politicamente sobre todas as
obras públicas de sua base eleitoral. Mas não
de interferir nas indicações de governo. Assim,
poupa-se a administração dos loteamentos que
acabam levando à ingovernabilidade.
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