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29/09/2006
Carta da semana
Educação em período
eleitoral
"Em períodos eleitorais
o cidadão é submetido a promessas sem conteúdo,
discursos prontos, e acaba se sentindo perdido diante de tanta
falsidade. Dentre as propostas, é consenso à
citação de áreas como educação,
saúde, cultura e emprego por parte dos candidatos,
muitas vezes sem o mínimo de embasamento e profundidade
na proposta. É nítido que essas áreas
precisam mais do que urgentemente de investimentos sérios,
e que o campo educacional talvez seja o melhor caminho. Entretanto,
como as reformas necessárias não são
eleitoralmente viáveis, esses recursos acabam sendo
deixados de lado.
A escola necessita de reformas estruturais que vão
além do que a construção de prédios
e aquisição de equipamentos. A instituição
pedagógica não acompanhou o desenvolvimento
tecnológico e se nega a utilizar alguns meios que são
facilitadores do aprendizado. Ressalta-se que a introdução
de tecnologia deve acoplar valorização do raciocínio,
rapidez de interpretação e facilitação
de comunicação. As matérias ensinadas
são as mesmas repassadas há décadas atrás.
As disciplinas como matemática, física e química,
são instrumentos de compreensão dos fenômenos
mundiais, mas num mundo globalizado e dinâmico em que
vivemos outros temas também são importantes
nessa captação e mesmo assim a escola assume
uma postura cômoda e desinteressada de mudança.
Métodos como a informática, música, esporte
e política são exemplos dessa diversidade que
a escola despreza na interpretação.
O ensino praticado nas salas de aula
também não oferece qualidade. Professores mal
remunerados, desmotivados, livros didáticos falhos,
alunos despreparados são caminhos que sugerem a má
qualidade de alguns estabelecimentos. Com isso, a participação
no mercado de trabalho se dá de forma desigual. O problema
de inserção e oferecimento de vagas para o ensino
superior é um problema emergente principalmente no
ensino. O processo adotado como seletivo para a distribuição
de vagas nas universidades é o vestibular, que se mostra
atrasado, injusto e desonesto. A supressão de camadas
como os pobres, negros e índios não se dá
por conta de sua etnia ou quantidade patrimonial e sim pelo
método excludente que é o vestibular. Outro
problema que o vestibular trouxe é a transformação
do Ensino Médio em escola pré-vestibular sem
o cumprimento de um ensino de qualidade e de conteúdo,
transformando o aluno e professor máquinas de ingresso
à universidade. Esse estilo provoca um ensino de conteúdos
desnecessários e uma quantidade de informação
repassada sem a interpretação devida dos fatos.
Com isso o aprendizado se torna superficial e inútil
no desenvolvimento do cidadão.
Esses problemas e suas respectivas
soluções de resolução fácil
ainda não foram percebidos pela sociedade ou não
tiveram sua repercussão acentuada, talvez por ser um
movimento que exija mudanças em conceitos que mexam
na estrutura arcaica e egoísta vigente das instituições
sociais. Para os elementos da sociedade nada parece incomodar
até ser atingido e discriminado por essas medidas.
Para os indivíduos do poder isso não parece
viável na sua carreira, já que a repercussão
em curto prazo é pequena e anônima.
O problema educacional brasileiro é simples de ser
feito e resolvido, porém difícil e duro de ser
enfrentado, pois exige inteligência, seriedade, honestidade
na sua resolução. E isso só se concretizará
quanto os cidadãos perceberem que o Brasil precisa
assumir uma postura independente e uma identidade nacional
enquanto país, para acabar com as mazelas da violência,
exploração infantil, desigualdade social, e
corrupção",
Guilherme Vidal - guividal@gmail.com
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