Existe um
meio rápido e eficaz de acabar com a imagem do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso: fazê-lo aceitar a candidatura
ao governo de São Paulo, como vem sendo articulado
em setores do PSDB. Mesmo se ganhar a eleição,
ele terá se submetido a um cargo inferior ao de presidente
da República. Se perder, pior ainda.
Sou dos que acham que FHC foi um bom presidente. Até
mesmo na área social, em que o acusam de pouco ter
feito, ele realizou notáveis avanços em saúde
e educação, além de ter deixado estruturas
mais sólidas nos programas de distribuição
de renda. É um patrimônio e tanto; tenho certeza
de que, com o tempo, será ainda mais reconhecido.
Deveríamos tirar lições do exemplo dos
Estados Unidos, em que ex-presidentes, apesar de suas fidelidades
partidárias, são sempre chamados pelos governos
para ajudar em questões tópicas e até
como conselheiros. É uma maneira de demonstrar respeito
aos processos democráticos e valorizar as escolhas
populares.
O melhor e mais sensato caminho de FHC é ser um dos
mais políticos que, por sua experiência, deveria,
nessa altura de sua vida, estar à disposição
de todos e não apenas de um partido. Essa atitude é
a que está do tamanho do presidente. Lula ficaria maior
se pudesse ouvi-lo mais e chamá-lo para mais tarefas
públicas.
Somos uma nação de poucos políticos
preparados, com forte formação acadêmica,
experiência administrativa e respeito internacional.
É no mínimo sensato que preservemos essas raridades
nacionais.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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