A cada minuto
que passa desde o acidente do metrô, vamos aumentando
nossa desconfiança de que, mais uma vez, o cidadão
foi vítima da incompetência oficial combinada
com o descaso da iniciativa privada.
O próprio governo estadual admitiu, publicamente,
que na quinta-feira já havia sinais de deslocamento
de areia na obra, o que poderia sinalizar algum problema.
Mas não se achou que havia qualquer problema.
Também não se via problema nas rachaduras,
há meses, nas casas do entorno. Aliás, conversa
flagrada pela Folha entre o governador José Serra e
o presidente do Metrô indicaram que o desastre teria
condições de ser previsto.
Engenheiros independentes levantam a suspeita de que a obra
vinha andando mais rapidamente do que o aconselhável,
e as análises de solo deveriam ser melhor conduzidas.
As empreiteiras dizem que a culpa é da chuva. Como
se chuva fosse novidade nesta época do ano.
O governo diz que o problema é das empreiteiras, e
as empreiteiras dizem que o problema é da chuva. A
melhor solução, portanto, é mandar prender
a chuva.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, editoria Pensata.
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