Corre rapidamente
no Congresso projeto de lei para dar incentivos fiscais ao
esporte. Sentindo-se ameaçados, artistas estão
se mobilizado para não perder verbas de patrocínio
cultural. Alegam (e com certa dose de razão) que os
empresários tenderiam a ajudar mais os esportes, cuja
visibilidade é bem maior, do que peças teatrais
ou filmes. Mas, provavelmente, a maiores vítimas serão
crianças e adolescentes pobres.
Muito mais difícil do que apoiar projetos culturais
é drenar recursos a programas que cuidam da infância
marginalizada, para os quais existe leis de incentivos fiscais
--empresas e pessoas físicas podem destinar parte de
seu imposto de renda a programas aprovados pelos fundos da
criança e do adolescente.
Uma série de pessoas, em todo o país, está
fazendo um enorme esforço de conscientização
(e com resultados ainda muito limitados) para que recursos
sejam drenados a esses programas que trabalham com a ponta
da ponta da exclusão. É mínima a visibilidade
mercadológica se comparado com peças e filmes.
A primeira vítima de menos recursos com incentivo
fiscal não serão os artistas, mas essa camada
de gente invisível.
PS- O bom desse debate é voltarmos a refletir se é
socialmente justo a sociedade bancar, com dinheiro público,
obras acessíveis só aos mais ricos.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, editoria Pensata.
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