Ninguém
preocupado com a educação pública tem
o direito de ignorar o caso da Escola da Comunidade, onde
estão matriculadas crianças da favela de Paraisópolis,
em São Paulo. Se fosse cobrada mensalidade ela não
sairia por menos de R$ 1.000. Quem banca esse custo é
o colégio Porto Seguro, um dos melhores colégios
da cidade, cuja maioria dos alunos entra, com facilidade,
nas mais disputadas faculdades.
O Porto Seguro oferece à Escola da Comunidade seus
professores e instalações, além de aulas
de reforço e atividades culturais. Não é
uma réplica, mas não está longe disso.
Mas o desempenho dos alunos da favela é muito pior,
apesar de receberem uma educação de altíssima
qualidade em uma escola pública dos sonhos.
Esse extraordinário caso é uma dica para os
programas de inclusão. Não basta oferecer boa
escola: é preciso, além de envolver e qualificar
as famílias, acionar as diferentes esferas do governo
(saúde, geração de renda, esporte, saúde)
e transformar toda a cidade em espaços educativos,
tirando proveito dos cinemas, teatros, parques, empresas,
museus.
Por mais estranho que pareça, imaginar que se vai
melhorar educação pública apenas melhorando
a escola é um caminho para perdurar a exclusão
e jogar dinheiro fora.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online.
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