Uma das experiências
comunitárias mais interessantes que já conheci
dentro e fora do Brasil - e não conheci poucas - está
em Recife, onde transformaram um bairro abandonado, no centro,
em uma imensa incubadora de tecnologia de informação.
Desde que era apenas uma idéia no papel e eu ainda
morava nos Estados Unidos, venho acompanhando (e não
deixo de me surpreender) a experiência do porto digital.
Graças ao projeto já nasceram 105 empresas,
muitas delas exportando programas. Talentosos jovens não
precisaram sair de lá, rumo a São Paulo ou Rio
em busca de emprego.
A imagem que muitas vezes o Nordeste passa é a de
um lugar que exacerba os vícios nacionais presentes
nas regiões mais ricas: empresários que só
vivem às custas de favores oficiais, lideranças
políticas que se misturam a interesses privados (veja
quantos líderes políticos são magnatas
da comunicação), desperdício de dinheiro
(a lentidão contra a seca).
O que se vê ali no porto digital é um roteiro
para gerar riqueza, apesar da adversidade. Isso porque se
trabalhou em cima de um foco e se criou uma rede de parcerias
que souberam se complementar. Envolveram-se rigorosamente
todos os níveis de poder, do governo federal à
associação de bairro, passando pelas entidades
representativas dos empresários.
Se os responsáveis por políticas públicas,
especialmente na área social, usaram esse tipo de modelo
como guia o enfrentamento à pobreza será muito
menos difícil.
Como a inteligência
traz dinheiro
Práticas
comunitárias inteligentes
Coluna
originalmente publicada na Folha Online,
editoria Pensata.
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