O uso
da visita ao zôo como estímulo para despertar
crianças sobre a importância de preservar o ambiente
Com um pós-doutorado no zoológico de Washington,
nos EUA, José Luiz Catão Dias transformou-se
num dos poucos brasileiros especializados em doenças
de animais selvagens -uma especialidade que o levaria a caminhadas
pelas savanas da África, florestas da Amazônia
e geleiras da Patagônia. Neste momento, ele está
desenvolvendo uma experiência com seres tão esquivos
quanto os espécimes selvagens: os estudantes obrigados
a aprender ciências. "É possível
mudar até mesmo os alunos mais resistentes", aposta.
Professor de veterinária na USP, José Luiz é
diretor técnico-científico do zoológico
de São Paulo, que recebe, anualmente, mais de 1 milhão
de crianças e jovens, muitos deles trazidos pelas escolas.
"Não é o suficiente para mexer com eles."
Nem mesmo, em sua opinião, com as visitas monitoradas.
"Queríamos que os estudantes viessem para o zôo
e que o zôo fosse até a sala de aula."
José Luiz sabia que uma escola (Amorin Lima), vizinha
à USP, onde leciona, vinha produzindo inovações
especialmente ousadas para a rede pública. Ali, quebraram-se
as paredes que dividiam as classes, formando imensos salões.
Sumiram as fileiras de cadeiras, os alunos passaram a trabalhar
sempre em pequenos grupos, e os professores tinham de ajudá-los
a fazer pesquisa. Atividades extracurriculares integraram-se
ao currículo; assim se poderia estudar, por exemplo,
capoeira junto com história. Um lingüista, Geraldo
Tadeu de Souza, auxiliava os professores a mostrar aos alunos
como produzir roteiros de pesquisa, enriquecendo os livros
didáticos. "Essa era a escola ideal para começar
nosso piloto", afirma José Luiz.
O primeiro passo foi levar os professores da Amorin Lima
para uma visita monitorada ao zoológico, quando discutiriam
com biólogos um plano de trabalho. Depois, vieram os
alunos já devidamente sensibilizados em sala de aula.
E, enfim, os monitores do zôo voltaram à escola
para conversar e tirar as dúvidas. "Pelas perguntas,
vimos que muitos alunos que, na visita, pareciam desinteressados
estavam ligados", constatou Geraldo Tadeu de Souza, orientador
da Amorin Lima.
Não era algo que surpreendesse José Luiz -e
não só porque viu, em Washington, como os mais
diferentes museus desenvolviam programas com as escolas e
traduziam, para o cotidiano, intrincadas fórmulas da
química, da física e da biologia.
Ele nasceu na rua Groenlândia, nos Jardins, bem longe
do campo e ainda mais longe de animais selvagens. Mas, quando
era adolescente, morou em uma fazenda nos Estados Unidos,
por causa de um programa de intercâmbio-voltou com a
idéia de estudar veterinária.
O projeto piloto funcionou a tal ponto que o governo estadual
decidiu estender o programa para toda a rede. "Nosso
objetivo é muito simples: queremos que a criança
saia do zôo diferente. Mais aberta a aprender e, mais
ainda, a defender o ambiente." Na sua visão, a
partir do zôo, ela pode se sentir mais próximo
da Amazônia.
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Coluna
originalmente publicada na Folha de S.Paulo,
editoria Cotidiano.
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