Lula eleito,
militantes do PT apontaram, esfuziantes, que os meios de comunicação
estavam entre os derrotados; alguns deles chegaram mesmo a
hostilizar raivosamente os jornalistas. Refletem as reclamações
de Lula e de muitos de seus assessores. Interessante essa
manifestação: tantos anos depois de neutralizados
os militares, ainda não se tem claro, em vários
setores, o papel da imprensa. O que só revela um cacoete
autoritário.
Não vou negar que algumas reportagens e mesmo veículos
de comunicação cometeram erros e exageros. Mas,
no geral, os jornalistas fizeram o que tinha mesmo de fazer:
vasculhar e incomodar o poder. E o fato é que o PT
deu sobras de motivos para ser vasculhado na questão
ética e administrativa.
Na oposição, o PT foi um beneficiário
dessa atitude dos meios de comunicação. Muitos
de seus dirigentes, a começar de Lula, estavam sempre
à frente dos ataques contra os deslizes e roubalheiras.
O PT cresceu, entre outras razões, porque vendeu a
imagem (até certo ponto correta, vamos reconhecer)
de limpeza, mas depois, no poder, não soube separar
o público do privada.
É fundamental que os dirigentes do partido e seus
representantes do governo sejam responsáveis e não
permitam que se desmoralize ou se afete a importância
da liberdade de imprensa.
Coluna
originalmente publicada na Folha Online,
editoria Pensata.
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