Para atacar
Geraldo Alckmin, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
e alguns de seus aliados passaram a atacar a "elite de
São Paulo" no que se traduz, para muitos, uma
divisão entre os "ricos" paulistas e os "pobres"
do Nordeste. Nem vou entrar no debate sobre se a elite paulistana
é tão pior assim do que a nordestina, boa parte
dela vivendo da indústria da seca e de favores oficiais,
para não entrar nessa indigência mental separatista.
O que digo, e dá para provar em números, é
o seguinte: não há em nenhuma cidade do Nordeste
tantos pobres como na cidade de São Paulo, aliás,
nem remotamente. Há três milhões de pobres
vivendo no município paulista; esse número chega
a oito milhões se computarmos a região metropolitana.
Não se vê de nenhum paulista sério a
acusação de que a culpa da miséria paulistana
é dos nordestinos. Até porque seria o mesmo
modelo de idiotice, afirmada por Ciro Gomes, de que o mal
do Brasil é a elite de São Paulo.
Pensar o desenvolvimento brasileiro, nesse termos, é
um desserviço para reduzir, de fato, a pobreza, cujo
endereço não é monopólio do Nordeste
e não é só culpa das elites empresariais
( sejam de onde forem), mas também de uma série
de governos que não souberam gastar bem o dinheiro
público, prova disso é a seca em pleno século
21.
PS - Sou filho de Pernambuco e devo parte das chances que
tive na vida ao fato de meu pai ter decidido morar aqui na
cidade de São Paulo assim como devo ao Brasil, por
meus avós terem saído da Europa anti-semita.
Provavelmente, São Paulo fez mais para promover economicamente
nordestinos (basta ver quantos são nordestinos ou seus
descendentes como eu) do que os Estados do Nordeste. Sem contar
os que estudaram nas faculdades públicas estaduais
e depois voltaram para suas cidades.
Coluna
originalmente publicada na Folha Online,
editoria Pensata.
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