O Conselho Federal de Jornalismo
morreu e não há quem o salve. Se prosperar no
Congresso, o que duvido, não vai ter legitimidade e
jamais sairá do papel.
O projeto morreu por um motivo simples e elementar. Tem menos
a ver com o conteúdo (ruim) do que com a forma (péssima).
Imprensa e governo não são inimigos nem adversários.
Mas estão em campos opostos.
Um dos papéis da mídia é fiscalizar
ações oficiais, irritando necessariamente os
governantes.
Quando um projeto para fiscalizar e "disciplinar"
a imprensa, embora feito por uma entidade sindical, é
apadrinhado por um governo, está morto. Ainda mais
quando esse governo anda irritado com jornalistas e tem integrantes,
em cargos elevados, que admiram Hugo Chávez e Fidel
Castro.
Ao chamar os jornalistas que não defendem o Conselho
Federal de Jornalismo de covardes, Lula só mostrou
a dificuldade de convivência com idéias contrárias.
No lugar de uma discussão, preferiu a ofensa. E depois
querem que se confiem neles para preservar a ética
do jornalismo.
O que o presidente chama de covardia é a preocupação
de manter a liberdade de informação longe de
pessoas que só estão preocupadas com a manipulação
de poder.
Nada disso invalida que se discuta cada vez como a sociedade
deve exigir mais ética, responsabilidade e transparência
da mídia.
Coluna originalmente publicada na Folha Online,
na editoria Pensata.
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