A partir de dados oficiais sobre adolescentes grávidas na cidade de
São Paulo, chega-se a um escândalo. Documentos
mostram que, por dia, 81 adolescentes têm um filho.
Repetindo, 81 casos.
Para ver o estrago da gravidez precoce, basta saber que,
tomando como base a estatística oficial, nos últimos
vinte anos cerca de 700 mil crianças, apenas em São
Paulo, nasceram de mães que tinha no máximo
19 anos de idade. Isso numa das cidades mais ricas do país.
Projetada nacionalmente, essa conta chegaria a, no mínimo,
vinte milhões de crianças, segundo dados do
Ministério da Saúde. Note que estou só
me referindo às adolescentes, nem estou falando de
mulheres que, vítimas da pobreza e do machismo, não
conseguem planejar o número de filhos.
A eleição já está acabando e
praticamente ninguém (exceção ao prefeito
do Rio, Cesar Maia), tocou no assunto, nem, muito menos, mostrou
um projeto consistente contra esse descalabro.
É mais um sintoma da ignorância. Ajudar as mulheres
a planejar sua família, investindo mais na sua formação
educacional e profissional, é uma das chances para
o desenvolvimento social, menos violência e melhor distribuição
de renda.
Coluna originalmente publicada na
Folha Online, na editoria Pensata.
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