O sindicato
dos professores de São Paulo decidiu decretar uma greve
para evitar que se implementem medidas destinadas a reduzir
a rotatividade dos docentes nas escolas públicas --uma
das pragas, entre tantas, que explicam a péssima qualidade
de ensino. É um caso explícito de greve contra
o pobre.
É impossível oferecer
aos mais pobres boa educação com tanta rotatividade
de professores e diretores. Tal rotatividade destruiria rapidamente
até mesmo as empresas mais eficientes. Há casos,
neste ano, de escolas que tiveram até cinco diretores.
Como o aluno pode respeitar uma escola
em que tantos professores mudam --e, pior, tantos professores
faltam às aulas?
A culpa da péssima qualidade
de ensino não é, claro, só do professor.
O sindicato faz muito bem em lutar por melhores salários
e melhores instalações físicas. Faz bem
em criticar a interrupção dos planos, num vai-e-vem
deletério de políticas públicas. O professor
é, em muitos aspectos, uma vítima --a começar
da violência que sofre nas escolas e das salas superlotadas.
Mas a corporação atenta
contra o pobre quando se insurge contra medidas óbvias,
elementares, para que as escolas não pareçam
um motel.
Curioso é que os líderes
dos trabalhadores, cujos filhos estão em escolas públicas,
transformadas em motel, não se indignam com o que fazem
com seus filhos.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, editoria Pensata.
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