O problema essencial de Cristovam
Buarque foi manter-se no cargo com a paixão militante
pela educação. Para ele, país educado
é país civilizado. E lutar pela educação
é lutar pela civilidade.
Ele me disse várias vezes saber
que suas colocações incomodavam o Palácio
do Planalto no geral, e Lula, em particular. Argumentava,
porém, que, depois de que saísse do ministério,
queria se sentir orgulhoso de ter ajudado a criar no país
uma obsessão pelo conhecimento. Tornou-se mais um crítico
da mazela educacional do que propriamente um realizador, até
porque pouco ficou no governo.
Intelectual refinado, nem sempre soube
medir que a especulação de um ministro, exposta
francamente, tem impactos muito maiores do que a de um acadêmico.
Antes de tomar posse, vários
amigos o advertiram de que ele iria ficar por pouco tempo,
já que seu estilo iria se chocar com o governo.
Coluna originalmente
publicada na Folha Online, na editoria Pensata.
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