O que vimos, nos últimas
semanas, na cidade de São Paulo só poderia ser
expresso, com precisão, pelo extraordinário
quadro "O Grito", de Munch, que acaba de roubado.
Aquele olhar de pânico, de desamparo, estampado num
ser humano disforme, é o que melhor espelha o que sentimos
ou deveríamos sentir com a chacina dos moradores de
rua no centro a cidade e com o crescente número de
rapto de crianças a caminho da escola.
Há, no ar, uma sensação de solidão
coletiva. A única mensagem possível é
que estamos pagando o preço do pavor pela crônica
exclusão que gera violência e impunidade.
Só existe nisso tudo um fato positivo: talvez, quem
sabe, estimule toda uma comunidade, a começar de seus
governantes, a criar programas mais sólidos de prevenção
da violência. Talvez, quem sabe, os candidatos a prefeito
pensem mais o que podem fazer para, de verdade, reduzirem
a insegurança pública.
Coluna originalmente publicada na Folha Onlne,
na editoria Pensata.
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