O ministro das Relações
Institucionais, Tarso Genro, teve uma postura inegavelmente
corajosa ao defender, publicamente, o fim dos "direitos
adquiridos" para cortar privilégios de funcionários
públicos. Atrelou, portanto, o arranjo dos gastos públicos,
com redução das despesas em aposentadorias e
salários, ao crescimento econômico.
É uma frase dura para ser dita em qualquer época
no ano, ainda mais em período eleitoral. Acrescente-se
aí o fato de que as corporações, em especial
de funcionários públicos, têm muita força
no PT. A verdade, porém, é que vai se disseminando
a visão de que o Estado como está, sugando impostos,
forçando os juros e investindo tão pouco, dificulta
o crescimento e, portanto, a geração de impostos.
Dificulta também a ampliação de programas
sociais, capazes de melhorar oportunidades e distribuir renda.
Tarso investiu no conceito de "direitos adquiridos",
muitas vezes, na verdade, privilégios adquiridos. Chegou
a lembrar que, no passado, senhores de escravos eram contra
o fim da abolição, argumentando com seus "direitos
adquiridos."
Mais cedo ou mais tarde (quanto mais cedo melhor), veremos
todos que o que existe de mais progressista no país
é gastar bem o dinheiro para termos uma sociedade com
menos miséria e mais educação. Chegamos
ao ponto em que três milhões de aposentadorias
de servidores federais custam R$ 76 bilhões, enquanto
o Bolsa-Família, que chega a oito milhões de
famílias, sai por R$ 5 bilhões.
Coluna originalmente publicada na Folha Online,
editoria Pensata.
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