O sonho da gari Rozeli da Silva
não pára de crescer. Sábado, ela e as
200 crianças atendidas pelo projeto Renascer da Esperança,
criado por ela há seis anos no bairro Restinga, em
Porto Alegre, receberam auxílio. A ajuda chegou com
o trabalho de 40 pessoas.
O grupo de voluntários passou o dia na instituição
promovendo pequenas reformas, pintando paredes, além
de brincar, organizar palestras, oferecer almoço e
lanche e entregar doações. A movimentação
no pequeno prédio onde funciona o centro infantil comunitário
começou cedo.
"Eles chegaram às 8h. Estão cortando o
cabelo, as unhas das crianças e pintaram até
o nosso muro", disse Rozeli.
O Dia Global do Voluntariado é promovido anualmente
pela Prudential do Brasil, uma seguradora multinacional. No
sábado, instituições carentes de 15 países
receberam a ajuda organizada por funcionários da empresa.
"Convidamos nossos clientes, amigos e familiares para
colaborar. A gente adora e sai daqui ganhando mais do que
as pessoas que precisam", disse o engenheiro químico
Alex Oregon, 36 anos.
Líder da equipe da pintura, Oregon escalou também
o filho Ricardo, sete anos, para o trabalho. Vestido com a
bermuda já manchada de tinta do ano passado, Ricardo
mostrou habilidade e satisfação na tarefa.
"Eu já pintei uma pracinha. A minha escola não
precisa, mas essa aqui estava cheia de buracos na parede e
bem suja", disse, sem perder o ritmo do rolo de tinta
branca.
Conforme o presidente da companhia, Bill Yates, 14 instituições
no Brasil foram atendidas em sete cidades graças à
dedicação dos voluntários. Para o Centro
Infantil Renascer da Esperança - única do Estado
-, as doações começaram pela cozinha.
A dispensa do prédio recebeu reforço de leite,
café, achocolatado, azeite e produtos de higiene, como
toalhas, pasta e escovas de dente.
O dia do voluntariado também ofereceu prevenção
de saúde, com aplicação de fluor e palestras
sobre sexualidade e despertou talentos. No galpão da
escola de samba do bairro, as crianças ganharam espaço
para dançar, ensaiar coreografias e pintar o rosto.
Enquanto as meninas abusaram das tintas coloridas, o grupo
de pagode Moleque Sonhador deu uma canja depois de assistir
às palestras dirigidas aos pré-adolescentes.
"Somos fãs do Zeca Pagodinho, mas já estamos
compondo uma música. Estamos esperando o momento certo
para apresentar o grupo", disse Wagner Santos, 14 anos.
Wagner, Douglas e Carlos Júnior freqüentam o
Renascer quando não estão na escola. Na instituição,
assistem a aulas de inglês e gostam das oficinas rap.
"Corro dia e noite, mas vale a pena. Não quero
ninguém nas calçadas", disse a ex-menina
de rua Rozeli, que aos 40 anos está conseguindo mudar
a realidade de meninos e meninas da Restinga.
LÚCIA PIRES
do Zero Hora
|