CEARÁ- Um simples cata-vento
pode transformar uma comunidade e impulsioná-la para
o desenvolvimento sustentável. É o que defende
o matemático e dono de uma barraca na Praia do Futuro,
José Expedito Madeira. Segundo ele, o cata-vento é
fonte de energia verdadeiramente limpa, com custo ambiental
igual a zero.
“A energia dos ventos captados cresce 24% ao ano em
todo o mundo e isso pode trazer benefícios incalculáveis
para as populações mais carentes e, em especial,
para os micro e pequenos produtores que não têm
de onde tirar mais dinheiro para pagar a energia e água
consumidas nas roças. Por aqui, temos ventos abundantes”,
afirma.
Madeira destaca as pesquisas da Embrapa Agroindústria
Tropical que trabalha em um sistema de irrigação
localizada utilizando a energia eólica. Em Pacajus
está sendo desenvolvido um experimento que utiliza
cata-ventos hidráulicos, beneficiando, principalmente,
a fruticultura.
“Além de não poluir o meio ambiente, o
sistema tem um custo de manutenção quase zero
e isso para o pequeno agricultor é essencial”.
Mesmo em comparação com o sistema de bombeamento
de água elétrico, que apresenta um custo inicial
menor, o cata-vento, a médio e longo prazos, tem vantagens.
“Só em não mais pagar pela fonte de energia,
que é o vento, vale a pena”, avalia.
Para Madeira, o dito popular “a união faz a
força” é essencial para o pequeno e médio
produtoresque, sozinhos, não encontram saída
para manter a sua plantação. “Somente
com a organização dessas comunidades no sentido
de buscar levar para as suas localidades os cata-ventos, alternativa
segura para o problema da água e energia, é
que elas vão conseguir superar todas as dificuldades
para conseguir o dinheiro necessário à instalação
dos equipamentos”.
Ele lembra que existe o Programa de Desenvolvimento Energético
para Estados e Municípios (Prodeem). “A medida
federal possui recursos — da ordem de R$ 63 milhões
— destinados a financiar equipamentos para a energia
eólica e solar. Os produtores da Bahia já se
beneficiaram com estes recursos e por que não o Ceará?”,
indaga.
Para conseguir a verba, explica Madeira, é necessário
que a sociedade se organize em sindicatos, cooperativas, Organização
Não Governamental (ONG), associações
comunitárias. “Se faz um abaixo-assinado com
o máximo de assinaturas, encaminha o documento para
o prefeito. Este, por sua vez, solicita ao deputado federal
da região que este leve proposta para o orçamento
da União. A partir daí, com o dinheiro garantido,
é preciso fiscalizar até a sua liberação
e instalação do equipamento. É preciso
ficar atento a todos os passos”.
É preciso correr contra o tempo, aconselha o matemático.
Os recursos para os cata-ventos só poderão sair
em 2006, já que o Orçamento Geral da União
para o próximo ano está fixado. “Não
dá mais para deixar tudo para o governante. A comunidade
tem que abrir os olhos, arregaçar as mangas e buscar
alternativas. Somente assim, nos livraremos de tantos desempregados
no campo que estão vindo inchar as cidades, criando
bolsões de miséria e insegurança”,
finaliza.
As informações são
do jornal Diário do Nordeste.
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