Os conselhos comunitários
de segurança são organizações
não-governamentais (ONGs) criadas por moradores de
determinadas áreas. A regulamentação
desses grupos foi feita no fim do ano passado, através
de um decreto estadual dentro da estratégia paranaense
de combate à violência, esses fóruns são
instituições preventivas. “Inicialmente,
eles funcionam como uma ponte entre a polícia e a população”,
diz Benjamim Zanlorenci, da Secretaria de Segurança.
O contato é feito em reuniões mensais, das quais
participam policiais civis e militares.
É comum que, no começo, os conselhos surjam
como canais de reclamações, que é uma
de suas funções, mas não finalidade.
Policiais aproveitam os encontros para fazer palestras e ensinar
técnicas de prevenção da violência.
Com o tempo, a população estrutura ações
para aumentar segurança. Um exemplo é o “Vizinho
Solidário”, uma espécie de sistema de
vigilância em que pessoas de uma mesma rua trocam os
números de telefone e passam a se comunicar. Ao viajarem
ou ao notar algum movimento estranho, eles entram em contato
para avisar os vizinhos.
Para o economista Ademir Clemente, membro de um grupo da
Universidade Federal do Paraná que estuda fenômenos
ligados à violência , a descentralização
das decisões ajudam a aumentar a eficiência dos
serviços públicos. “O conselho de segurança
tem a capacidade de apontar demandas mais bem definidas”,
a firma Clemente. O economista dá um exemplo tirado
do setor de transporte: um técnico de um ministério
autorizou a colocação de placas em espanhol
em uma estrada secundária, onde mal existiam placas
em português. “Esse tipo de discrepância
ocorre na área de segurança e pode ser evitada”.
Outra vantagem de se investir nos conselhos está na
aproximação entre moradores de uma região.
“Há especialistas que apontam a urbanização
como uma das causas da violência, pois ela provoca um
distanciamento das pessoas, a perda de raízes”.
Discutindo sobre o lugar onde moram, elas passariam a se conhecer
melhor e teriam uma capacidade maior de encontro soluções
para os problemas locais. Um exemplo disso veio do bairro
Hauer, onde o conselho fará um cadastro de vagas de
trabalho e de quem procura serviço para reduzir o desemprego
na região.
Constituição não exige conselhos
de segurança
A proliferação dos conselhos que lidam com questões
sociais no Brasil teve origem em um movimento que influenciou
a redação da Constituição de 1988.
Desde então, a lei brasileira prevê a necessidade
de se criarem conselhos municipais, estaduais e federais em
setores como saúde, educação e seguridade
social. “Houve uma luta política na época
para que houvesse esse instrumento de participação
da sociedade nas decisões públicas”, conta
o professor Renato Perissinoto, do departamento de Ciências
Sociais da UFPR. Ele faz parte de um grupo de estudos sobre
conselhos.
A Constituição não prevê a criação
dos fóruns sobre segurança. Para a saúde
e seguridades sociais, a lei diz que o repasse de verbas está
condicionado à existência dos conselhos, que
participam na elaboração das propostas de como
gastar os recursos e ajudam a fiscalizar os investimentos.
“Essas iniciativas sofrem influência do grau de
organização das sociedades e da política
de cada governo”, afirma o especialista. Segundo ele,
quanto menos organizada a população, menos eficiente
é o sistema.
As informações são
da Gazeta do Povo, de Curitiba-PR.
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