Peregrinar por Bonito (MS)
é ir ao encontro da natureza em seu estado bruto. Nos
mais de 30 passeios catalogados pelo Conselho Municipal de
Turismo (Comtur), as interferências do homem se resumem
à abertura de trilhas na mata e à construção
de mirantes, deques para botes ou mergulho e plataformas para
prática de rapel.
Com o objetivo de verificar as condições
de acessibilidade para deficientes físicos e despertar
a atenção dos empresários locais para
um mercado estimado em 25 milhões de consumidores,
a artista plástica Adriana Braun e o servidor público
Edson Passafaro passaram sete dias em Bonito. Presidente da
ONG Acessível e integrante dos projetos Brasil Adentro
e Cadeirantes (que percorreram os principais pólos
de ecoturismo do país), Adriana Braun foi chamada pela
FreeWay Adventures para conduzir os roteiros para deficientes
da operadora. Edson é secretário-executivo da
Comissão Permanente de Acessibilidade da prefeitura
de São Paulo e consultor para o assunto do Ministério
das Cidades.
Durante três dias, Zero Hora
acompanhou a incursão da dupla por Bonito. A primeira
visita é à Fazenda Água Viva, um passeio
popularmente conhecido como Cachoeira do Rio do Peixe. Situada
a 35 quilômetros da cidade, o lugar é considerado
um dos mais belos do município.
A recepção fica por
conta de macacos-prego. Às dezenas, eles descem das
árvores atraídos pelos nacos de banana oferecidos
por Moacir Barbosa de Deus, dono dos 300 hectares de campo.
No alpendre, os anfitriões são tucanos e araras,
desde a arara-azul, ameaçada de extinção,
às de penugem vermelha ou verde. Dali, o passeio segue
por 400 metros mata adentro. Adriana faz o percurso carregada
numa liteira desenvolvida para o transporte de deficientes.
Impulsionado pela própria tração
manual, Edson prefere cruzar de cadeira de rodas a vegetação
da Serra da Bodoquena. Pelo caminho, a água represada
em degraus do solo transforma a correnteza do Rio do Peixe
numa banheira de hidromassagem. Seguindo pela esquerda, chega-se
a uma piscina natural abastecida por uma cachoeira de três
metros de altura. Pela direita, uma cabo aéreo estendido
sobre o leito do Rio Olaria é um convite ao banho.
Passafaro pede ajuda e, depois de alguns segundos deslizando
em pé sobre a água, solta as mãos e mergulha.
"O legal é a sensação
de ficar esticado, em pé. Nunca tenho essa sensação",
revela Passafaro, ao voltar para a cadeira de rodas.
Fábio Schaffner viajou a convite
da FreeWay Adventures, da Gol Transportes Aéreos e
do Wetega Hotel
FÁBIO SCHAFFNER
do Zero Hora
|