SÃO
PAULO - A inadimplência de consumidores e empresas caiu
3,9% no primeiro bimestre do ano, na comparação
com igual período de 2003. Na pessoa física,
a queda foi de 3%, um índice considerado muito pequeno
pela Serasa, empresa de análise financeira responsável
pelo indicador. Entre as empresas, a queda chegou a 11,6%.
Carlos Henrique Almeida, economista da Serasa, explica que
a redução não é suficiente para
ser comemorada, pois a inadimplência dos consumidores
tinha crescido 10% no primeiro bimestre de 2003.
"A redução da inadimplência das
pessoas físicas ocorreu sobre uma base muito alta.
Para ocorrer uma reversão de cenário a queda
teria de ser bem maior do que a observada. A atividade econômica
e a renda continuam baixa e o desemprego continua elevado,
o que mostra que a situação não mudou
muito", afirma o economista.
Almeida explica que nem mesmo a queda expressiva na inadimplência
das empresas é sinal de recuperação.
Segundo ele, elas não estão com dívidas
em atraso simplesmente porque não tomaram empréstimos
ao longo de 2003 para realizar investimentos.
"A justificativa está na não tomada de
crédito, o que é ruim para a economia",
diz ele.
O número de cheques devolvidos bateu recorde para
os meses de janeiro e fevereiro, mas não puxou para
cima o indicador geral de inadimplência porque corresponde
a pouco mais de um terço do total. Dos registros de
não pagamento feitos pela Serasa, 36% correspondem
a cheques sem fundo. A seguir estão cartão de
crédito e financeiras, com 33% do total; dívidas
bancárias, com 29%; e títulos protestados, com
2%.
Segundo o levantamento, o valor médio dos cheques
devolvidos por falta de fundos no bimestre foi de R$ 415 e
o dos títulos protestados, de R$ 607. O valor médio
da inadimplência com os bancos é mais alto: R$
931. O menor valor médio, de R$ 225, é dos cartões
de crédito e financeiras.
O endividamento não pago pelas empresas se divide
entre títulos protestados (46%), cheques sem fundos
(38%) e dívidas bancárias (16%). As dívidas
em atraso no sistema financeiro têm valor médio
de R$ 2.666.
Almeida afirma que não dá para prever a tendência
da inadimplência para os próximos meses, pois
a atividade econômica ainda não decolou e a conjuntura
continua a mesma.
CLEIDE CARVALHO
do Globo Online
|