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política
30/03/2004
Lula diz que não faz milagre, prega otimismo e nega crise

Em meio às críticas sobre a paralisia do governo federal após a divulgação do caso Waldomiro Diniz, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem não ter os "poderes de Deus para fazer milagres", pediu otimismo e disse que a economia vai crescer, ainda que não da forma que gostaria. Segundo ele, não há crise no país.

"Senhores, não esperem que eu seja mais do que um presidente da República. Só tenho a Constituição para cumprir. Não tenho os poderes de Deus para fazer os milagres", afirmou Lula.

O discurso foi feito na cidade de São Caetano do Sul (SP), no ato da entrega de 305 carros para a Polícia Rodoviária Federal na General Motors. Os veículos foram comprados com recursos arrecadados por meio de multas de trânsito.

Pesquisas divulgadas nos últimos dias revelaram queda na popularidade do governo desde dezembro (leia texto nesta página).

Com ironia, Lula disse ser "engraçado" o momento vivido hoje no Brasil. "De vez em quando ouço dizer que há crise [no governo federal]. Eu sei que tem crise no Corinthians, que não ganha há muito tempo. No São Caetano, certamente, não tem crise, e muito menos tem crise no governo. O fato de termos divergências políticas está longe de dizer que existe uma crise", afirmou.

Sobre a mudança de humor da população, Lula acredita na antecipação da disputa eleitoral de outubro, quando serão escolhidos prefeitos e vereadores.

"Por que terminamos o ano com otimismo tão exagerado e depois esse otimismo foi embora? Que crise aconteceu? Será que a crise já é a eleição de 2004? Será que as pessoas estavam preocupadas que meu partido ganhasse muitas cidades e precisam fazer o debate político?", disse Lula a uma platéia de 1.500 pessoas.

O presidente disse estar "mais otimista do que nunca" e que "deveríamos [todos]" estar mais otimistas. Lula diz que o governo e o Banco Central têm sido cautelosos e que não adotarão medidas "aventureiras". Afirmou que as mudanças serão feitas "sem loucura". "Certamente a economia vai crescer, se não o tanto que gostaríamos, vai crescer o possível. Mas é importante que todo mundo saiba que o Brasil tem uma economia vulnerável."

Para explicar que "entende" o povo, contou uma anedota que teria ocorrido com ele no início de sua carreira sindical. "Um ministro do Trabalho me disse que o trabalhador que se contenta com o salário que ganha não merece o que ganha." Depois, adaptando a história para o presente, continuou: "O povo que se contenta com a política econômica que tem não merece a que tem".

Lula disse que pediu ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que debatam publicamente a economia. "Que se exponham, para que possamos aferir, não os números ideais para o futuro, mas o que éramos e o que somos hoje", afirmou

O presidente atribuiu muitos de seus problemas a ingerências de governos anteriores, que lhe deixaram dívidas e uma relação delicada com municípios e Estados.

Fogo amigo
Antes da cerimônia, o deputado federal Ivan Valente (SP), da esquerda do PT, disse que a idéia de transição, à qual o governo recorria para justificar a falta de mudanças no país, está "esgotada". Uma saída, apontada por ele, seria a substituição de Antonio Palocci do Ministério da Fazenda.

"O ministro tem de entender que escolheu uma polícia econômica que está se esgotando. A população quer mudança imediata", disse Valente. Segundo o parlamentar, Palocci poderia ficar no governo desde que tivesse em mente a necessidade de um redirecionamento da economia.

Para Professor Luizinho (PT), vice-líder do governo na Câmara, o país está no caminho certo e as críticas partem de vozes isoladas e sem representação no país. Segundo ele, a opinião de Valente não é majoritária no PT.

 

 

LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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