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incertezas
29/03/2004
Economia brasileira segue frágil, diz BID

As economias do Brasil e da América Latina continuam "fragilizadas", com taxas de desemprego recordes, crédito para a produção em níveis mínimos e expostas à possibilidade de um novo choque externo negativo para toda a região.

Uma "paralisia financeira" na América Latina poderá travar o crescimento sustentado. Os índices de pobreza, que haviam diminuído nos anos 90, voltaram a subir, afetando 225 milhões de pessoas em 2003.

Segundo o "Informe Anual 2003" do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o crescimento de até 4% projetado para a América Latina neste ano, acima dos 1,5% de 2003, pode não se sustentar a médio prazo.

"As perspectivas de médio prazo são incertas e a bonança externa não vai durar para sempre. É preciso aproveitar o momento para consolidar mudanças estruturais", disse o presidente do BID, Enrique Iglesias, sobre o relatório, que será apresentado hoje na abertura da reunião anual do organismo em Lima, no Peru.

Segundo o BID, todos os problemas latino-americanos continuam "presentes e preocupantes", apesar da expectativa de crescimento maior.

Na região, o alto endividamento, as taxas recordes de desemprego e pobreza e a falta de poupança e crédito têm sido compensados ""momentaneamente" por um cenário internacional favorável.
Para o BID, os juros internacionais, hoje em níveis mínimos, e a forte demanda por matérias-primas latino-americanas podem ter uma inversão, afetando a região.

O aumento das exportações foi puxado principalmente pelo forte crescimento da China. Na média, as vendas externas do Brasil cresceram 21% em 2003, contribuindo para uma alta de 19% nas exportações totais do
Mercosul.

O BID vê também uma "paralisia financeira" na América Latina que pode comprometer o crescimento a longo prazo.

Nos sete principais países da região, os empréstimos ao setor produtivo caíram 20% em termos reais entre 1998 e 2003 --levando os investimentos locais ao menor patamar dos últimos dez anos.

Entre 1997 e 2002, a queda dos investimentos no Brasil atingiu 10%. Na Argentina, 60%.

Questionado sobre como será possível, no caso brasileiro, inverter esse quadro com os níveis atuais de juros praticados no país, Iglesias defendeu a cautela do Banco Central.

"O Brasil está tentando consolidar sua estabilidade macroeconômica para atingir um crescimento sustentável. A política de contração brasileira é transitória", disse.

O relatório do BID recomenda ainda "aperto fiscal" na maioria dos países para uma diminuição do nível de endividamento, que atingiu 51% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2002 nas sete maiores economias -contra uma média de 37% em 1997.

"Os governos que falharem na performance fiscal vão perder a única oportunidade para se defenderem quando ocorrer uma nova crise", afirma o BID.

Apesar da situação de "bonança" descrita pelo relatório em 2003, a América Latina atingiu no ano passado o maior nível de desemprego já registrado pelo BID -10,7% em média.

Já a incidência de pobreza (pessoas vivendo com menos de US$ 2 ao dia) na região atingiu 44% da população em 2003. A taxa era de 42,1% em 2000. Dados do Latinobarômetro apresentados no relatório mostram que o quadro de estagnação elevou a 60% o total de pessoas que consideram "ruim" ou "muito ruim" a situação econômica na região.


FERNANDO CANZIAN
da Folha de S.Paulo

   
 
 
 

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