Estudo
realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG)
revela que um quarto das amostras recolhidas do banco de leite
humano de um hospital materno-infantil de Goiânia estava
contaminada por bactérias e fungos mesmo depois de
o alimento ter passado por processo de pasteurização.
Por razões éticas, o nome da unidade não
foi revelado.
No país, há 170 bancos de leite que atendem
a 150 mil bebês por ano, a maioria prematuros ou com
deficiências motoras, neurológicas ou imunológicas.
Mas o que é captado por essas instituições
não chega a atender 30% da demanda, de acordo com rede
nacional de bancos de leite humano.
Segundo pesquisadores, o leite contaminado não chegou
a ser dado aos bebês. Porém o índice de
contaminação está ao menos cinco vezes
acima do considerado tolerável pelo Ministério
da Saúde. O aceitável é entre 3% e 5%.
Para o microbiologista Álvaro Bisol Serafini, professor
titular do Instituto de Patologia Tropical e Saúde
Pública da UFG, que orientou a pesquisa, há
duas hipóteses: ou a pasteurização não
foi suficiente para matar os microrganismos, ou o problema
ocorreu após o processo de descontaminação.
O estudo foi baseado em análises microbiológicas
de 338 amostras: 194 de leite humano cru e 144 de leite pasteurizado.
No leite cru, havia bactérias em 46% das amostras e
bolores e leveduras em 22%. Em leite humano pasteurizado,
24% estavam contaminados.
E o mais grave: bolores e leveduras foram encontrados em
25,7% das amostras de leite já processado, ou seja,
mais que em leite que não passou por pasteurização.
Segundo João Aprígio Guerra Almeida, que coordena
a rede nacional de bancos de leite humano, ligada à
Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), podem ocorrer
falhas no transporte ou processo de pasteurização.
Ele diz, porém, que essas falhas são percebidas
nos testes de controle de qualidade.
CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo
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