BRASÍLIA.
A proposta de reforma sindical fechada no Fórum Nacional
do Trabalho foi alvo de protesto ontem em Brasília,
organizado pelo Fórum Sindical dos Trabalhadores (FST),
que reúne 17 confederações nacionais
e seis centrais sindicais. Os manifestantes criticaram o fim
do imposto sindical obrigatório e da unicidade sindical
(um só sindicato por categoria e base sindical), pontos
principais do texto que o governo enviará ao Congresso
em abril.
Segundo os organizadores, o protesto reuniu 30 mil pessoas
na Esplanada dos Ministérios. Já a Polícia
Militar diz que foram cerca de 15 mil.
No texto da reforma fechado por governo, principais centrais
sindicais e empregadores, o imposto sindical obrigatório
será extinto em seis anos, para entidades patronais;
e em três anos, para entidades de trabalhadores. No
lugar do imposto, será criada a contribuição
negociada, a ser cobrada dos trabalhadores beneficiados em
acordo coletivo, que não poderá ultrapassar
13% do salário.
O secretário de Relações do Trabalho
do Ministério e presidente do Fórum, Osvaldo
Bargas, disse que o protesto foi organizado por entidades
que se recusaram a participar dos debates e não querem
abrir mão das contribuições assistencial
e confederativa.
Participaram do ato a Confederação Nacional
dos Trabalhadores da Indústria (CNTI), a Confederação
Geral dos Trabalhadores (CGT) e a Central Autônoma de
Trabalhadores (CAT), além da Confederação
Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) e da Central
Brasileira de Trabalhadores e Empreendedores (CBTE).
Segundo o presidente da CBTE, José Pereira, o próximo
passo será criar a Frente Parlamentar Sindical, que
fará oposição à reforma no Congresso.
Frente Parlamentar Sindical
Pereira disse que a CBTE participa, junto com os principais
partidos de oposição (PFL, PSDB, e PDT), de
uma frente de atuação conjunta:
“Estamos vendo no governo Lula o aumento do desemprego
e dos impostos e os ganhos das grandes instituições
financeiras, em detrimento do desenvolvimento econômico
e social que legitimaria um governo dos trabalhadores”.
Em frente ao Ministério do Trabalho, os sindicalistas
gritaram palavras de ordem como “Emprego já para
o Brasil se libertar”. No fim do dia, membros do FST
estiveram com o ministro da Coordenação Política,
Aldo Rebelo. Ele admitiu que a reforma é assunto polêmico
no governo:
“Há muitas vozes discordantes sobre este assunto”.
GERALDA DOCA
do jornal O Globo
|