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saúde
30/03/2004
Falta de infra-estrutura leva doentes a migrar para cidades com centro hospitalar

Levantamento da Fundação Seade mostra que um em cada cinco óbitos ocorridos no estado de São Paulo ocorre fora do município de residência. Em 2002, os óbitos em cidades fora do domicílio atingiram 43 mil. A explicação, segundo o demógrafo Antonio Marangoni, está na falta ou na pouca disponibilidade de recursos hospitalares, o que leva as pessoas a procurarem os centros médicos especializados das cidades maiores.

"Algumas cidades só oferecem o pronto-atendimento, mas não têm equipamentos para realizar os exames que o paciente precisa fazer. Algumas cidades têm poucos ou nenhum recurso", afirma Marangoni.

Para se ter uma idéia, em 2002 a taxa de evasão superou 40% em 362 dos 645 municípios do estado. Nada menos do que 209 tiveram uma evasão superior a 60%. É claro que boa parte corresponde a cidades do interior, pequenas e com menor número de mortes, mas indica que a população destes locais precisa se locomover e às vezes percorrer grandes distâncias para ter atendimento médico.

Em 2002, apenas 16 cidades do estado registraram menos do que 5% dos óbitos registrados em outras cidades. Ou seja: não "exportaram" doentes para serem atendidos em outros locais. Entre os 39 municípios da Região Metropolitana, apenas a capital está nesta lista, com um índice de apenas 4,7%. Os outros 15 são também cidades-sedes de regiões administrativas ou abrigam a Direção Regional de Saúde. Fazem parte desta lista cidades como Ribeirão Preto, Presidente Prudente, Marília e São José do Rio Preto.

Segundo o levantamento, 87% das mortes ocorridas fora do município de residência ocorreram em hospitais. Os dados indicam ainda que as pessoas saem de suas cidades atrás de tratamentos especializados. A maior parte das mortes fora do local de residência ocorre por doenças ligadas ao aparelho circulatório e cardíaco (26%). Em segundo lugar na lista aparece o câncer (18,7%), seguido por doenças respiratórias (9,4%), do aparelho digestivo (6,1%) e infecciosas e parasitárias (5,8%). Causas externas, como acidentes de trânsito e afogamentos, respondem por 17,4% dos casos de morte fora da cidade de residência e normalmente ocorrem em viagens.

Cidades com centros médicos reconhecidos têm alto índice de mortes de pessoas que não moram nelas. Em São José do Rio Preto, por exemplo, este índice chega a 41%. Em Ribeirão Preto, a 34%; em Campinas, a 24%; e em Sorocaba, a 32%. A capital paulista teve em 2002 nada menos do que 10 mil mortes de não-residentes, o que corresponde a uma taxa de 13%.

"Em Jaú, por exemplo, onde há um hospital especializado em câncer, a taxa de morte de não-residentes chega a 50%", conta Marangoni.

Marangoni explica que a estatística é importante para que o governo possa distribuir melhor a verba de saúde. Normalmente, a divisão de recursos é feita com base na população residente, sem levar em conta que o município atende a habitantes de cidades próximas.

Os dados do Seade indicam ainda que São Paulo recebe vários doentes de outros estados. Em 2002 morreram em cidades paulistas 2.125 pessoas de fora. Mais da metade delas (55%) morreram em municípios que abrigam centros hospitalares, como São Paulo, Campinas, Barretos, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto. Os estados de procedência foram Minas Gerais (45,1% dos casos), Paraná (11,7%), Mato Grosso do Sul (8,6%) e Rio de Janeiro (8%),


CLEIDE DE CARVALHO
do Globo Online

   
 
 
 

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