JAGUAPITÃ
(PR)- Uma paranaense foi selecionada pelo projeto ''Revelando
os Brasis'', do Ministério da Cultura. Rosana Sales,
27 anos, é a única produtora cultural do estado
classificada no concurso nacional que garimpou histórias
de anônimos do país para serem transformadas
em vídeos de curta-metragem.
Ela é escritora, teatróloga e lojista em Jaguapitã
(60 quilômetros de Londrina). Sua narrativa, intitulada
''Resgate de um Sonho'', foi uma das 40 contempladas dentre
417 trabalhos inscritos em várias regiões do
país. ''Escrevi uma ficção mesclada com
fatos reais'' conta.
O projeto ''Revelando os Brasis'' foi lançado em agosto
do ano passado pelo ministro Gilberto Gil com o objetivo de
estimular o interesse de moradores de pequenas cidades (até
20 mil habitantes) pela produção audiovisual.
A proposta é integrar a esse segmento de criação
comunidades que sempre permaneceram à margem do processo.
A proposta beneficia 4.023 municípios nunca antes
contemplados com esse tipo de iniciativa. Os 40 vídeos
digitais deverão ser concluídos até o
dia 20 de fevereiro, quando serão apresentados nas
cidades onde foram realizados e posteriormente exibidos na
rede pública de televisão. ''Há ainda
a possibilidade de inscrevê-los em festivais'' acrescenta
Rosana, captou as primeiras imagens para seu filme no último
final de semana.
A história que lhe garantiu a experiência de
''ser cineasta'' baseou-se na luta para resgatar um antigo
prédio de Jaguapitã. ''É um prédio
histórico, que já abrigou um cinema e hoje serve
de depósito para um mercado. Na década de 50,
quando foi inaugurado, sua sala de exibição
era considerada a segunda mais moderna do Paraná''
salienta.
Hoje, a edificação encontra-se deteriorada
e abandonada. Nos últimos anos, porém, algumas
pessoas vêm reivindicando sua restauração
e sua transformação em prédio público
e patrimônio histórico. ''Eu mesma iniciei um
abaixo-assinado na cidade com esse objetivo'' diz. É
essa saga que ela pretende retratar no vídeo, pensado
originalmente para ser um documentário.
''Era a idéia inicial. Mas tive que mudar colocando
um componente de ficção para dar um final feliz
à história'' conta. Ela explica que a viabilização
das produções selecionadas no projeto estão
sendo articuladas pelo Instituto Marlin Azul, do Espírito
Santo, em parceria com o Ministério da Cultura. O Instituto,
por sua vez, recebeu a missão de contactar produtoras
regionais em cada canto do País para fornecer equipamentos
e toda a infra-estrutura aos artistas.
Em Jaguapitã, Rosana contará com o auxílio
de uma produtora de Maringá e do Fórum Permanente
de Desenvolvimento do Município. Além de roteirista,
ela será a diretora do curta. ''Vou colocar em prática
o que aprendi no curso'' anuncia, referindo-se a um curso
de cinema realizado há poucos dias no Rio de Janeiro
com amparo do Ministério da Cultura.
Será sua primeira incursão pelo audiovisual,
ampliando seu currículo na cidade, onde atua como poeta
e escritora (tem um romance e um livro de contos infantis
à espera de publicação).
NELSON SATO
da Folha de Londrina, Paraná
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