Pesquisar,
entender e ensinar novos conceitos da cultura popular brasileira
sempre foi a vida de Antonio Nóbrega e Rosane Almeida.
Em 12 anos de trabalhos dentro do Teatro-Escola Brincante,
na Vila Madalena, eles já formaram cerca de 5 mil pessoas
que, como muitas outras, aprenderam não só a
valorizar mais o que é produzido no país, mas
também que o ‘ser popular’ abrange mais
aspectos do que os aprendidos em salas de aula e que conhecemos
como folclore.
Anualmente, o Brincante abre espaço para quem deseja
conhecer ou se aprofundar nos diversos temas que envolvem
a nossa cultura. Além do tradicional curso de formação
para educadores, no qual o participante recebe instruções
sobre a prática de contos, danças, histórias,
jogos, brincadeiras e toques instrumentais, dos cursos de
danças brasileiras (maracatu, coco, frevo), percussão
(tambor, pandeiro, caracaxá, zabumba) e rabeca (também
conhecida como violino popular), este ano a novidade fica
por conta das aulas de espetáculos populares brasileiros,
que englobam não só a história das danças,
ritmos e cantos, mas também o contexto social no qual
se manifestam, e teatro e folguedos populares, que envolve
o estudo das máscaras, das vozes e das músicas
cantadas em inúmeras brincadeiras.
Segundo Rosane Almeida, "a função da arte
é se renovar, se reelaborar. Precisamos também
evoluir no método de pesquisa e na forma como vamos
repassar isso para as pessoas. Muita coisa mudou em 12 anos,
estava mais do que na hora de aprofundarmos nossas pesquisas
sobre nosso objeto de trabalho".
A programação vai priorizar pela primeira vez
o contexto histórico dos folguedos e de outros itens
da cultura popular em sua amplidão. "Precisávamos
dessa evolução, mudar a forma de ensinar.
Este ano pretendemos dar início a uma nova fase do
Brincante", comenta Rosane. Os cursos têm duração
de um e dois anos e as mensalidades variam entre R$ 100 e
R$ 130.
Filha de peixe
Aos 15 anos, Maria Eugênia Almeida ganhou de
presente dos seus pais, Antonio Nóbrega e Rosane Almeida,
uma viagem ao Xingu. Foi assim que começou a história
da menina, que hoje tem 18 anos, e que descobriu que sabia
e gostava de fotografar.
A partir de hoje, o Sesc Carmo recebe a exposição
Brincantes, com imagens produzidas por ela, entre 2003 e 2004,
durante as gravações do programa Danças
Brasileiras, que teve locações em Pernambuco,
Sergipe, Bahia e interior de São Paulo. "Meus
pais decidiram me levar nessas viagens e eu queria ter uma
função. Decidi então começar a
fotografar tudo pensando em futuramente realizar uma exposição",
comenta Maria Eugênia.
Quem visitar a mostra poderá conhecer um pouco das
brincadeiras e manifestações da cultura popular,
o universo dos brincantes e os cenários em que ocorrem
as festas. "Nessas manifestações é
tudo muito bonito, existem momentos intensos e foi isso que
tentei registrar", afirma Maria Eugênia.
CLAUDIA PEREIRA
do O Estado de S. Paulo
|