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O crescimento
da economia brasileira esperado para 2005, entre 3,5% e 4,1%,
deve ter impacto positivo no emprego. Economistas de seis
consultorias, universidades e institutos de pesquisa estimam
um aumento na ocupação de 2% a 3,6% neste ano,
incluindo o emprego formal e o informal.
Até o final dos anos 90, a relação PIB/emprego
era de 1% para 0,4%, segundo Fernando Montero, Corretora Convenção.
Para cada 1% de alta do PIB, o emprego subia 0,4%, em média.
Atualmente, é da ordem de 1% para 0,8%. "O desempenho
do emprego já é quase proporcional ao do PIB.
As empresas se ajustaram de tal forma que fica muito difícil
crescer sem empregar", afirma.
As contratações previstas para 2005, porém,
não serão muito diferentes das de 2004, segundo
os economistas. Os empregos informais e que pagam baixos salários
deverão ser os mais ofertados.
O subemprego, que paga ao trabalhador menos de um salário
mínimo/hora (menos de R$ 1,50 por hora), deu um salto.
Havia 1,6 milhão de subocupados em seis regiões
metropolitanas em janeiro de 2003. Hoje são 2,8 milhões,
segundo Lauro Ramos, coordenador de estudos do mercado de
trabalho do Ipea. Há 19,4 milhões de ocupados
nas seis regiões.
Excluindo os subocupados do total de ocupados, segundo ele,
o emprego de julho a outubro cresceu 1,4%, em média,
na comparação com igual período de 2003.
Considerando todo o grupo de ocupados, a alta foi de 4,2%.
"Esse crescimento é fantástico, mas inclui
o emprego-desespero. O crescimento de 1,4% está mais
próximo da realidade no mercado de trabalho",
afirma Ramos.
Para alguns economistas, as ocupações precárias
vão se manter. "A deterioração do
mercado de trabalho é característica da economia
brasileira nos últimos 25 anos.
Para revertê-la, o país precisa crescer mais
do que 4%", diz Claudio Dedecca, do Instituto de Economia
da Unicamp.
Na sua análise, o emprego formal pode ter desempenho
até pior do que o do informal em 2005. "O emprego
formal cresceu em 2004 por causa do bom desempenho das exportações.
As indústrias contrataram para elevar produção.
Isso não será mais necessário em 2005
para dar conta de um crescimento da ordem de 4%."
Os maiores empregadores em 2005 serão os setores de
semi-duráveis (roupas e calçados) e de não-duráveis
(alimentos e bebidas), além da indústria da
construção civil. "E as vagas criadas nesses
setores são as que pagam salários mais baixos",
diz Fábio Romão, economista da LCA.
A elevação dos juros no fim de 2004 deve ter
efeito negativo nas contratações nos primeiros
meses de 2005, na análise de Fabio Silveira, economista
da MS Consult. "Mas não vai impedir que a ocupação
cresça", diz. Ele estima um crescimento da ocupação
da ordem de 3,5% para 2005.
Para Julio Gomes de Almeida, diretor do Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a tendência
é o emprego acompanhar a produção. "O
emprego pode até crescer mais do que a economia, mas
a qualidade desse emprego será pior."
Paulo Francini, do Departamento de Economia da Fiesp, diz
que a qualidade do emprego não deve mudar. "O
perfil dos salários ofertados deve ser o mesmo do de
2004." Para a Fiesp, o emprego na indústria paulista
em 2005 deve crescer 3% num cenário menos otimista
e 5% num mais otimista.
FÁTIMA FERNANDES
da Folha de S. Paulo
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