BRASÍLIA, BERLIM e ROMA
- O governo federal vai adotar um conjunto de medidas preventivas
para evitar que a gripe do frango atinja o território
nacional. As táticas de guerra contra a doença
começaram a ser discutidas ontem em reunião
da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Milho, Sorgo
e Aves. Uma das medidas a serem adotadas é a limpeza
química dos calçados de passageiros que desembarcam
em portos e aeroportos. O controle ocorreria principalmente
nos vôos de países asiáticos.
erá realizado ainda monitoramento sorológico.
Hoje, o Brasil tem dois laboratórios capacitados para
realizar os exames da gripe do frango: em Campinas (SP) e
em São Leopoldo (MG).
A Câmara Setorial, que se reuniu ontem no Ministério
da Agricultura, é formada por representantes do governo,
dos produtores e da área científica. Na quinta-feira,
um grupo temático de representantes de todos os setores
envolvidos volta a discutir o assunto.
Entre as ações preventivas, o governo também
quer elaborar uma campanha de esclarecimento sobre a doença
para toda a cadeia produtiva de aves. A gripe do frango já
matou pelo menos 12 pessoas na Ásia e levou ao sacrifício
de milhares de aves. O grupo temático vai elaborar
um conjunto de perguntas e respostas sobre as características
da doença, como forma de esclarecer o público.
O governo planeja ainda capacitar técnicos especializados
na doença.
Na reunião de ontem, os representantes do governo,
da área científica e da avicultura concluíram
que é pequeno o risco da doença chegar ao país.
"O risco é praticamente zero", disse o secretário-executivo
do Ministério da Agricultura, Amauri Dimárzio.
Vários fatores levam os especialistas a acreditarem
em baixo risco. Segundo Liana Brentano, pesquisadora da Embrapa
para suínos e aves, a prevalência da infecção
acontece em patos, animal mais consumido na Ásia. A
separação dos continentes pelos oceanos e o
tipo de migração silvestre impedem que a doença
chegue ao Brasil facilmente, diz Liana. A migração
de patos no Brasil, segundo ela, é feita no sentido
norte-sul, sem contato com a Ásia. Além disso,
o vírus da gripe do frango permaneceria mais tempo
vivo sob baixas temperaturas.
"A avicultura brasileira é de alta qualidade.
No Brasil, nunca houve surto de gripe aviária em aves
comerciais", disse.
A câmara setorial está tentando elevar o orçamento
para defesa animal. O governo vai abrir concurso para a contratação
de 500 fiscais e 400 técnicos da área sanitária.
Para o presidente da Associação Brasileira de
Produtores e Exportadores de Frango, Júlio Cardoso,
o trabalho preventivo é mais uma garantia aos consumidores.
O setor trabalha com a perspectiva de aumento de 10% nas exportações
este ano.
Ontem, no entanto, surgiu o primeiro caso suspeito da doença
fora da Ásia. Uma mulher com os sintomas da gripe do
frango foi internada no Instituto de Medicina Tropical de
Hamburgo, Norte da Alemanha, após voltar de viagem
à Tailândia. Testes preliminares, porém,
não mostraram a presença do vírus AH5N1,
causador do mal. As condições da mulher foram
descritas como ''boas'' pelos médicos.
"Não há nada que sugira que seja gripe
do frango", afirmou Bernhard Fleischer, diretor do instituto,
depois de receber as análises prévias.
Uma amiga que acompanhava a mulher também foi submetida
a exames, apesar de não ter apresentado sinais da doença.
O resultado definitivo dos testes sai hoje.
Mas, na Ásia, a gripe do frango segue matando. Tailândia
e Vietnã confirmaram mais duas mortes, elevando para
12 o total de vítimas fatais. A epidemia levou as agências
da ONU para a Agricultura e a Alimentação (FAO),
a Saúde (OMS) e a Saúde Animal (OIE) a marcarem
para hoje, em Roma, reunião urgente para tratar do
tema.
As informações são
do Jornal do Brasil.
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